A liderança do campeonato volta a jogar-se no derby

Benfica e Sporting defrontam-se na Luz separados por dois pontos – a diferença já foi de sete. Há nove meses, após três derrotas com os rivais, “encarnados” venceram em Alvalade e subiram ao topo, de onde já não voltariam a sair

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João Pereira, Mitroglou e Gelson Martins deverão reencontrar-se em campo no final do dia, na Luz Patrícia de Melo Moreira/AFP

Estamos na jornada 13 e o número poderá ser sinónimo de felicidade para um dos rivais de Lisboa. A sorte grande não vai sair a ninguém, mas o derby desta noite (18h, BTV) tem implicações na liderança da I Liga: Benfica e Sporting defrontam-se na Luz, separados por dois pontos, o que significa que a liderança pode ficar reforçada, que a distância pode manter-se (e o FC Porto, que defronta o Feirense, ficar mais próximo) ou que o trono pode mudar de ocupante. Os “leões” já por lá passaram, mas depois cederam-no aos “encarnados”. A equipa de Rui Vitória chegou a cavar uma vantagem de sete pontos para os rivais, mas foi deixando-a escapar ao empatar no Dragão e, há uma semana, com a derrota na visita ao Marítimo.

Há mais a unir do que a separar Benfica e Sporting à partida para mais um derby, como fizeram questão de sublinhar os dois treinadores. Depois de perderem na Madeira, os “encarnados” foram batidos na Luz pelo Nápoles na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões – embora tenha sido uma derrota agridoce, porque não impediu a equipa de Rui Vitória de garantir o apuramento para os oitavos-de-final da Champions. Os “leões” também vêm de um resultado negativo e que teve mais efeitos traumáticos: precisavam de defender os dois pontos de vantagem sobre o Legia Varsóvia para seguir para a Liga Europa, mas perderam na Polónia e viram-se obrigados a dizer adeus às competições europeias por esta época.

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“Vão jogar duas equipas que perderam jogos na Liga dos Campeões. Estão as duas num patamar igual, e estão as duas a lutar para ser primeiro. As duas equipas vieram de derrotas, mas isso não vai ter interferência nenhuma. Penso que vai ser um jogo intenso e bem jogado pelas duas equipas”, apontou Jorge Jesus. “Perdemos e não queríamos ter perdido. Sabemos o que fizemos menos bem. O jogo de terça-feira [com o Nápoles] foi diferente: perdemos mas atingimos o nosso objectivo. Foi uma derrota mas eu diria que a totalidade das equipas da Europa gostaria de estar naquela posição. Não é uma indirecta, todas as equipas gostavam de estar no nosso lugar, apurados para os oitavos-de-final. Não gostámos que a derrota tivesse acontecido, mas interessa ver as coisas boas e más que fizemos”, disse Rui Vitória.

A liderança da I Liga volta a discutir-se num derby lisboeta apenas nove meses depois: no início de Março, na 25.ª jornada do campeonato passado, o confronto directo entre os dois rivais ditou uma mudança no topo da classificação. O Sporting chegou ao duelo com um ponto de vantagem, mas o Benfica venceu em Alvalade e subiu ao primeiro lugar, de onde não voltaria a sair para conquistar o tricampeonato.

Num passado recente em que a rivalidade voltou a inflamar-se, especialmente com a mudança de Jorge Jesus da Luz para Alvalade, essa foi a única ocasião em que os “encarnados” conseguiram bater os “leões”. A temporada começara com o triunfo do Sporting na Supertaça, prosseguiu com uma vitória categórica na Luz por 0-3 e a trama adensou-se na Taça de Portugal, com triunfo “leonino” por 2-1, após prolongamento, na quarta eliminatória. Mas as três vitórias em quatro confrontos de nada valeram porque o tal derby de Março foi aquele que atribuiu em definitivo o trono do campeonato.

“Cada derby é um derby, para mim vai ser o 21.º. Cada um vai ter a sua história, independentemente da equipa que possa estar mais bem classificada, são sempre jogos em que pouco conta o momento actual de ambas as equipas. Estão as duas muito iguais, como a classificação mostra. O facto de o Sporting no último ano ter vencido três em quatro contou para o ano passado, agora não conta nada. Temos de ter ideias novas e capacidade para sair da Luz com os três pontos”, sublinhou Jorge Jesus, que só hoje saberá se pode contar com Adrien Silva e Gelson Martins – regressaram da Polónia com gripe e não se treinaram.

Do lado do Benfica, a principal novidade foi o regresso de Jonas à convocatória, após uma paragem de cerca de três meses. O avançado brasileiro foi incluído numa lista de 22 jogadores, mas Rui Vitória admitiu apenas 20% de hipóteses de Jonas ir a jogo. “Independentemente da posição em que estamos, temos sempre esta grande vontade de vencer – e que o Sporting também tem. Amanhã [hoje] é um derby de Lisboa, é um grande jogo. Essa história da pressão, para mim, não existe. São duas equipas de qualidade, que têm objectivos comuns. Prevejo um jogo muito intenso, não sei se totalmente bem jogado, mas muito intenso sim”, confessou o técnico “encarnado”.

Com um registo idêntico ao da temporada passada após 12 jornadas, o Benfica apresenta 27 golos marcados e sete sofridos. Mas, se em 2015-16 conseguiu 25 pontos (oito vitórias, um empate e três derrotas) e seguia na terceira posição da tabela, agora os “encarnados” somam 29 pontos e comandam a classificação. Em sentido contrário, o Sporting quebrou pontualmente: na época passada ainda não tinha perdido (dez vitórias e dois empates), liderando a I Liga com 32 pontos – agora os “leões” têm 27. A equipa de Jorge Jesus tem mais dois golos marcados (23 contra 21) mas sofreu o dobro (dez contra cinco). “Coloca-se a pressão de ganhar. Estamos confiantes. Vamos procurar impor a nossa ideia de jogo para sairmos da Luz com os três pontos”, assumiu o técnico “leonino”. Quem irá sair líder do derby da Luz?

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