Secretário do Eixo Atlântico pede investigação ao contrato do comboio Celta

Xian Mao considera excexssivo que a CP pague cinco milhões de euros por ano por comboio que, nota, é "sucata".

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O Celta descarrilou em Setembro, num acidente que fez quatro mortos neg nelson garrido

O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, defendeu esta quinta-feira uma investigação ao contrato de aluguer do comboio utilizado no serviço Celta, entre Porto e Vigo, pois considera "excessivo" o pagamento, por parte da CP, de cinco milhões de euros ao ano pelo aluguer da composição.

O Celta é um serviço ferroviário explorado conjuntamente pela portuguesa CP e pela operadora espanhola Renfe desde 2013, com comboios que a CP alugou a Espanha logo em 2010 por cerca de cinco milhões de euros por ano. Em entrevista à Lusa, o também secretário-geral da RIET (Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças), assinalou que o descarrilamento do comboio em Setembro, causando quatro vítimas mortais, está ainda "sob inquérito judicial" pelo que "ninguém pode fazer nada até que os tribunais apurem as causas do acidente".

Ainda assim, o secretário-geral do Eixo Atlântico, um organismo que agrega 38 municípios portugueses e galegos, considera que há "reflexões a fazer", nomeadamente sobre um comboio "de 30 anos, a circular por um traçado de 1878". "Estamos a falar de algo que nós consideramos sucata (...) um comboio que em Espanha já quase não se utiliza e agora foi alugado a Portugal num contrato de cinco milhões de euros por ano [num total de 30 milhões pagos até agora] que eu acho que deveria ser investigado", destacou.

Quanto ao percurso, Xoan Mao defende que "tem que haver um traçado novo" do lado Espanhol e que sejam construídos os "30 quilómetros novos entre Vigo a fronteira" portuguesa que "estavam previstos" pelo Governo anterior. "A bola agora está no lado espanhol e nós estamos agora a dirigir todos os trabalhos ao Governo espanhol para conseguir o compromisso desses 30 quilómetros novos", disse.

Do lado português, e com os compromissos assumidos pelo ministro das Infraestruturas quanto à modernização e eletrificação da Linha do Minho, diz Xoan Mao que "os objectivos estão cumpridos" e que agora "falta a parte espanhola". "Espanha oferece a electrificação de oito quilómetros dos 30 que há entre Valença, Tui e Vigo. E nós dizemos: 'não serve'", acrescentou o responsável para quem esta será uma solução a médio prazo.

Para Xoan Mao, "quando as condições económicas o possibilitarem" será necessário pensar em novas soluções para a ligação entre Porto e Vigo, nomeadamente uma ligação a Braga e uma nova ponte sobre o rio Minho. O secretário-geral do Eixo Atlântico considera não ser necessária, nem viável, uma ligação entre Galiza e Portugal por TGV e frisou: "Não estamos em tempo para fazer obras faraónicas, há que fazer obras que sirvam a economia e a população".

O comboio "Celta" iniciou a sua exploração comercial em julho de 2013, assegurando uma ligação rápida entre Vigo e Porto, com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine. Com bilhete único com o preço de 14,75 euros, esta ligação veio permitir percorrer os 175 quilómetros que separam as cidades em duas horas e 15 minutos, quando anteriormente a ligação demorava mais de três horas.

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