Por que baixam as refeições servidas nas cantinas sociais?

Subsiste a necessidade de apoio alimentar.

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Rui Gaudencio

Ninguém parece capaz de explicar a quebra no número de refeições servidas pelas cantinas sociais. Será a descida da taxa de desemprego, que em Agosto estava nos 11%?, questiona Lino Maia, presidente da Confederação de Instituições Particulares de Solidariedade Social (CNIS). Será a reposição de parte das prestações sociais destinadas à redução da pobreza e da desigualdade?, questiona Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas. A forte emigração terá contribuido?

Faltam respostas porque não há dados sistemáticos, actualizados, sobre as cantinas sociais, nem sobre a pobreza e exclusão em Portugal, lamenta Eugénio Fonseca. Nem se sabe o que está em jogo. O que diminuiu, afinal? O número de beneficiários ou apenas o número de refeições que cada um leva para casa? Em que partes do país? Uma coisa parece evidente: a necessidade de apoio alimentar subsiste.

O Governo prepara-se para trocar a aposta na distribuição de refeições preparadas pela aposta na distribuição de cabazes alimentares. Misericórdias e IPSS estão já a mentalizar-se. “Quando as coisas mudam, há sempre alguma resistência à mudança”, diz Manuel Lemos, presidente da União de Misericórdias. A grande questão é: como é que tudo se poderá operacionalizar? “Terão de ser seleccionadas instituições em todo o território nacional que tenham boa implementação na comunidade para que os alimentos possam ser bem conservados e distribuídos pelas pessoas à medida que vão precisando.”, explicou Lino Maia. “Privilegiar-se-á a proximidade e a capacidade de armazenamento.”

Eugénio Fonseca lamenta que a opção não seja mais diversa. O ideal, em seu entender, é haver três modalidades. As refeições prontas “serão o mais adequado para pessoas em situação extrema, sem meios ou capacidade para cozinhar”. A distribuição de géneros alimentares parece-lhe mais adequada para pessoas com meios para cozinhar, mas alguma desestruturação, incapacidade de gerir o orçamento. “É preciso dar competências às pessoas para que elas tenham gosto de fazer opções, escolher nas prateleiras dos supermercados, decidir ementas, preparar as refeições”, diz. A quem tem essa capacidade, o melhor seria entregar “vouchers de compras universais”. Não defende “tickets para pobrezinhos”. “Há empresas que pagam o subsídio de refeição em vales”, lembra.

 

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