Duas visões em confronto evitam o pântano do bloco central de interesses, diz Marcelo

Presidente da República considera natural haver crispação entre os políticos. "Faz parte da sua missão", desdramatiza.

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Marcelo Rebelo de Sousa fotografado na quinta-feira na Festa do Livro de Belém Miguel Manso

O Presidente da República considerou este domingo que na política portuguesa há actualmente duas visões em confronto, e que "isso é bom porque podia haver um pântano, um bloco central de interesses", mas que o povo está distendido.<_o3a_p>

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante a Festa do Livro no Palácio de Belém, em Lisboa, depois de questionado sobre o tom das intervenções da oposição nesta rentrée política.<_o3a_p>

"Há dois níveis de reacção perante a política: o nível popular e o nível dos políticos. A nível popular, eu entendo que há uma distensão. As pessoas, naturalmente, têm as suas queixas, têm os seus problemas, têm as suas divergências, mas estão a viver uma situação de relativa distensão", declarou o chefe de Estado.<_o3a_p>

Referindo-se depois aos políticos, o Presidente da República disse que "é natural terem algum nível de crispação, faz parte da sua função". <_o3a_p>

"Vem aí um Orçamento do Estado, têm de debater o Orçamento do Estado. Uns estão a favor, outros estão contra. Felizmente, em Portugal há hoje duas visões diferentes sobre a política no imediato. Isso é bom porque podia haver um pântano, um bloco central de interesses. Isso não existe. Portanto, é natural que haja um debate", considerou.<_o3a_p>

Marcelo Rebelo de Sousa frisou que "é natural que haja em democracia situação e oposição" e que "seria mau se fosse tudo situação ou tudo oposição".<_o3a_p>

"Agora, esse é um plano. Outro plano é: os cidadãos em geral, tendo as suas opiniões, vivem, penso eu, uma menor crispação e uma maior distensão", reafirmou.<_o3a_p>

Sobre esta primeira Festa do Livro em Belém, que começou na quinta-feira e terminou este domingo, o Presidente da República disse que não dispunha dos números finais, mas que houve uma adesão "certamente acima de 15 mil" pessoas, "uma grande adesão para um número muito limitado de dias".<_o3a_p>

"Penso que foi um pequenino contributo em termos culturais e que as pessoas perceberam, vieram, e obrigam agora o Presidente da República à responsabilidade, com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e o doutor João Amaral à frente, de organizar para o ano uma nova Festa do Livro", acrescentou.<_o3a_p>

Neste domingo, Marcelo Rebelo de Sousa esteve pela terceira vez na Festa do Livro e assistiu a uma mesa redonda entre o filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, conselheiro de Estado, a historiadora Maria de Fátima Bonifáci e, o investigador em relações internacionais Bernardo Pires de Lima, no Jardim da Cascata.<_o3a_p>

Nesta conversa sobre Portugal, moderada pelo seu consultor para os assuntos culturais, Pedro Mexia, o Presidente da República ouviu Eduardo Lourenço falar na identidade europeia do país. "Nós somos filhos de Roma, nós somos latinos. O nosso destino é a Europa, porque foi assim que nascemos. Nascemos europeus".<_o3a_p>

Por sua vez, Bernardo Pires de Lima apresentou uma visão de Portugal sem saudosismo nem fatalismo, salientando os seus traços positivos em termos comparativos, como a paz social. Maria de Fátima Bonifácio defendeu que "Portugal espera da Europa a remissão da sua ancestral pobreza".<_o3a_p>

No final do debate, a historiadora abordou o tema da "perda do Brasil", e questionou Eduardo Lourenço sobre a ausência desse acontecimento na sua lista de "grandes traumatismos nacionais". O professor retorquiu: "É um traumatismo que eu não senti, porque ele ainda não acabou. Como o traumatismo das nossas antigas colónias não acabaram".<_o3a_p>

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