Arnaudov na final do peso com bom prognóstico

Lançador português fez um ensaio a 20,42m e entrou para o lote dos melhores nos Europeus que hoje terminam em Amesterdão.

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O quarto e penúltimo dia dos Europeus de atletismo de Amesterdão teve resultados lógicos, por uma vez, mas de novo surpresas. Só que, ao contrário dos três dias anteriores, não produziu nada de muito novo. Acabou por ser um dia bom para as cores portuguesas, porém, porque um dos novos nomes do atletismo nacional conseguiu uma excelente prova de qualificação e no domingo estará na final do lançamento do peso.

Fala-se de Tsanko Arnaudov, filho de um antigo velocista búlgaro de classe internacional e desde muito novo a residir em Portugal. No ano passado tornou-se recordista nacional do lançamento do peso, sucedendo a Marco Fortes, o dominador crónico da disciplina e primeiro luso a passar os 20m e os 21m com a esfera de 7,3kg. Lançou 21,06m num pequeno meeting em Lisboa, a meio de Maio, e nunca mais conseguiu aproximar-se desse resultado, embora tenha passado de novo 20m por duas vezes nesse mês, com 20,17m em Hengelo, na Holanda, e 20,41m em Mersin, na Turquia. Este ano tinha sido regular perto dos 20m e a sua melhor maca vinha da temporada de pista coberta, com 20,22m.

Neste sábado eram pedidos 20,30m para se passar directamente à final do peso. Arnaudov conseguiu logo 20,06m de entrada, no primeiro de três ensaios disponíveis, e no segundo arrancou o segundo melhor registo da sua carreira, com 20,42m, ficando consumada a sua entrada directa na final de domingo da disciplina, que se realiza a partir das 16h30, hora de Portugal.

Numa manhã sombria tratou-se de um resultado brilhante e só três atletas fizeram melhor: o vice-campeão mundial, o alemão David Storl (20,84m), o novo recordista mundial júnior, o polaco Konrad Bukowiecki (20,65m), e o também polaco Michal Haratyk (20,45m), uma das revelações do ano, dado que já chegou a 21,35m.

Arnaudov, de 24 anos, pode estar ainda demasiado “verde” para se lhe exigirem medalhas, mas será um outsider numa competição que parece bastante aberta, excepto no que respeita a Storl, o antigo recordista mundial júnior agora suplantado por Bukowiecki.

A final de domingo ocorre praticamente à mesma hora do que a do triplo salto feminino, que incluirá Susana Costa e Patrícia Mamona, qualificadas por repescagem. Um pouco mais tarde, às 16h45, Marta Pen Freitas correrá a final feminina dos 1500m, e isto para além da manhã de provas, que será dedicada apenas à distância da meia-maratona, em estreia em Campeonatos da Europa, e que terá equipas portuguesas tanto no sector masculino como no feminino, sendo aqui bastante mais forte, dado que a formação é composta por Sara Moreira, Ana Dulce Félix, Jéssica Augusto, Marisa Barros e Vanessa Fernandes.

Voltando aos resultados deste sábado, Marco Fortes teve uma sorte bem diferente da de Tsanko Arnaudov na qualificação do peso, fazendo 18,64m e dois nulos para se quedar pelo 23.º lugar da qualificação.

Nos 4x400m femininos a selecção portuguesa, composta por Rivinilda Mentai, Filipa Martins, Cátia Azevedo e Dorothé Évora, fez o melhor tempo do ano e o terceiro melhor de sempre a nível nacional, com 3m32,48s, mas mesmo assim não conseguiu passar à final. Esperar-ser-ia mais da selecção masculina dos 4x100m, que não incluiu no entanto o novo campeão nacional Diogo Antunes. Com 39,51s, Ancuiam Lopes, Francis Obikwelu, David Lima e Carlos Nascimento ficaram longe do que podem fazer (o recorde nacional é de 38,65s) e não se estiveram sequer perto de serem repescados para a final de domingo.

Na primeira meia-final dos 400m barreiras, Vera Barbosa esteve algo amorfa desde a partida e nunca entrou bem na corrida, sendo oitava e última com 57,84s, ficando logicamente eliminada.

A final do triplo, que não incluiu inesperadamente Nelson Évora, confirmou ser muito acessível ao português em condições normais. O terceiro lugar foi para o britânico de origem jamaicana Julian Reid, e apenas com 16,76m, marca que é a mais fraca de sempre no certame para uma medalha desde 1974. Anos houve, como em 2010, em que foi necessário fazer 17,45m para a medalha de bronze…

O alemão Max Hess, no entanto, confirmou ser um bom talento, dado que cumpre o primeiro ano como sénior e venceu com um máximo pessoal de 17,20m, adiante do polaco Karol Hofmann, igualmente a saltar o seu melhor, com 17,16m. Este é filho do primeiro campeão mundial do triplo, em 1983, Zdzislaw Hoffman. Só que o pai saltava 17,53m...

Do lado dos resultados lógicos deste sábado, fica o triunfo claro da grega Ekaterini Stefanidi na vara, ao passar 4,81m, facto que não é novidade já que, no Inverno, se tornara uma das raras a sobrevoar 4,90m. Surpresa foi o triunfo da jovem ucraniana Natalya Pryshchepa nos 800m, com 1m59,70s, graças a uns metros finais de grande expressão. Na légua feminina a turco-queniana Yasemin Can juntou o triunfo ao do dia inaugural os 10.000m, com 15m18,15s.

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