Associação do Parque Ecológico do Funchal há 20 anos dedicada à biodiversidade

Esta é a primeira associação madeirense reconhecida como Organização Não Governamental para o Ambiente de Âmbito Local e tem-se destacada na manutenção da biodiversidade da ilha.

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Raimundo Quintal é um dos protagonistas desta associação Rui Gaudêncio

A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (AAPEF) comemora na segunda-feira 20 anos de existência, dedicados à defesa, recuperação e preservação da biodiversidade daquele local sobranceiro à cidade do Funchal.

A AAPEF é a primeira associação madeirense reconhecida como Organização Não Governamental para o Ambiente de Âmbito Local (ONGA) e tem como objectivo a conservação da natureza e manutenção da biodiversidade insular, com especial incidência na flora endémica do arquipélago da Madeira, essencialmente a que se desenvolve nas maiores altitudes da ilha.

A Associação desenvolve também actividades regulares de acções de divulgação e sensibilização junto das escolas e da comunidade insular, através da realização de conferências, palestras, concursos literários e de fotografia e passeios pedestres pelas levadas, trilhos e veredas que levam os associados e simpatizantes ao contacto com a floresta Laurissilva madeirense, os ecossistemas de montanha e o mundo rural insular.

Raimundo Quintal, geógrafo, investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e responsável pelo projecto de conservação da natureza "Oásis num Deserto de Montanha", lembrou, à agência Lusa, que o trabalho realizado até 13 de agosto de 2010 foi "todo destruído" pelos incêndios que assolaram as serras madeirenses nesse verão.

A Associação, no entanto, continuou o seu trabalho de intervenção e "apesar desse revés com os fogos", Raimundo Quintal relevou o contributo de centenas de voluntários, entre os quais alguns turistas, que, aos fins-de-semana, sobem até ao Parque Ecológico do Funchal, propriedade municipal, e ao Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, da AAPEF, para dar continuidade à missão de reflorestar, com a ajuda do viveiro de plantas e sementes que possui, e de dizimar as plantas infestantes.

"Se formos lá, em cima [Parque], às zonas onde temos intervindo, podemos ver que há uma clara recuperação da situação primitiva, da biodiversidade mas muito há ainda a fazer", afirma.

Desde 2010, a AAPEF já plantou mais de 50.000 plantas de pequeno porte, já distribuiu milhares de sementes e realizou milhares de trabalhos de estacaria mas, salientou Raimundo Quintal, "mais do que a preocupação do número de plantas que plantamos, o que importa é o que lá está".

As comemorações começam este fim-de-semana com mais uma jornada de campo que nesta altura do ano é sobretudo de manutenção, rega e extirpação das infestantes e culminam na segunda-feira com uma exposição no Centro Comercial La Vie, uma conferência sobre "Recuperação da Biodiversidade no Maciço Montanhoso do Pico do Areeiro - 20 Anos de Voluntariado" proferida pelo próprio, no Museu Casa da Luz e com um jantar.

Na exposição, a AAPEF vai homenagear Alberto Franquinho e Luís Franquinho "dois exemplos de pessoas que têm dedicado a sua vida à conservação da natureza e são exemplo para as gerações mais novas".

Após a aluvião que fustigou o Funchal em 29 de Outubro de 1993 - diz o Plano de Recuperação 2010/2020 - a Câmara do Funchal criou, em 1994, o Parque Ecológico do Funchal (PECOF) numa área sobranceira à cidade com o objectivo de recuperar o coberto vegetal primitivo; dinamizar acções de educação ambiental e proporcionar um espaço vocacionado para o recreio e lazer da população.

O PECOF tem uma área aproximada de 10 quilómetros quadrados (1.000 hectares) ocupando 13% da área total do concelho do Funchal.

Na parte central desenvolve-se um maciço montanhoso que se estende desde o seu limite sul a 470 metros de altitude, na confluência do Ribeiro do Pisão com a Ribeira de Santa Lizia, até ao Pico do Areeiro a norte, a 1818 metros de altitude,

Este declive é interrompido pelos planaltos do Chão dos Balcões, também conhecido por Chão da Lagoa, e da Achada Grande.

O Parque Ecológico está inserido na área do Parque Natural da Madeira e parte está classificado pela Birdlife Internacional como IBA (Área Importante para as Aves).

Acima dos 1.250 metros, é Zona de Protecção Especial (ZPE), no maciço montanhoso oriental, e é Sítio Especial de Conservação (SEC), no maciço montanhoso central.

O Parque Ecológico foi também gravemente atingido com o temporal de 20 de Fevereiro de 2010.

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