"Leão" caiu de pé num rugido de raiva

Sporting goleou o Sp. Braga num triunfo inglório, que fechou uma época de grande futebol.

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O Sporting goleou, mas não dependia apenas dele próprio para ser campeão Miguel Riopa/AFP

Caiu de pé, sem mácula, o quase rei leão, soltando sonoro rugido de raiva em forma de aviso para o que se segue. Nas bancadas da Pedreira, à medida que se pulava na Luz, respondia o Sporting com a mesma fé, inabalável, que dominou esta peregrinação "verde e branca" à cidade dos arcebispos, onde a palavra de Jesus dominou por completo (0-4) um Sp. Braga ofuscado pelo farol do Jamor.

O tempo esgotou-se e a esperança desvaneceu-se, confirmando-se os piores receios. O Sporting falhou por uma garra negra o sonho que o animou numa temporada de afirmação quase absoluta. A desilusão estava lá, mas não se detectavam sinais de depressão. Os cânticos ecoavam sem cessar, mesmo depois de os heróis recolherem ao santuário para mitigar a dor.

Na verdade, ao Sporting só restava esperar pelo improvável desaire do Benfica, pois a determinação com que abordou o embate do Minho, perante um adversário de peso, foi avassaladora.

Slimani deixou o aviso antes de o ponteiro dos minutos avançar, levando o guardião Marafona a defender uma bola traiçoeira a dois tempos. O "leão" mostrava pressa, queria esmagar a Luz sob uma pressão insuportável, e depois de Bryan Ruiz rodopiar e encantar a plateia, chegou o golo de Teo, no limite do fora-de-jogo, a corresponder a um cruzamento milimétrico do costa-riquenho.

Nesta altura, já Jorge Jesus tinha sido forçado a trocar Coates por Paulo Oliveira (um regresso após longa ausência), embora os problemas no eixo se tenham notado mais do lado arsenalista. Paulo Fonseca apostou numa dupla de centrais nova e, menos de uma mão-cheia de minutos depois de o Sporting ter chegado à vantagem, o Sp. Braga passava a jogar com menos um jogador.

Arghus derrubou William à entrada da área e recebeu ordem de expulsão. Hugo Miguel apontou para a marca de penálti, mas emendou a mão, marcando - com a prestimosa ajuda do assistente - um livre de alto risco que Marafona segurou.

Os dados estavam lançados e Slimani, de cabeça, desferiu logo a seguir o golpe de misericórdia, acabando com quaisquer veleidades por parte do Sp. Braga. O jogo passou então a disputar-se com mais ênfase nas bancadas, numa troca de provocações entre claques.

Os golos de Gaitán, Jonas e companhia encerravam mais um capítulo e o próprio Jesus haveria de abandonar o banco para pedir calma aos adeptos que se envolveram em cenas de pugilato mesmo nas costas do técnico leonino.

O Sporting cumpria a sua parte, fechava a época com mais uma goleada, a mostrar um futebol digno dos deuses, mas o título esfumava-se ao ritmo dos golos de Bryan Ruiz, a anotar mais dois belos momentos para guardar nos compêndios.

Do outro lado, Paulo Fonseca limitava-se a poupar munições para a final da Taça de Portugal. Rafa dava lugar a Pedro Santos, numa tarde em que Alef tentou apresentar credenciais. Josué ainda tirou as medidas à baliza de Patrício, mas a bola pingou na barra, deixando intocável a juba do leão. 

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