Uber admite distribuir serviços para taxistas em Portugal

Director da empresa em Portugal diz que a tecnologia, "mais do que uma ameaça”, “deve ser uma oportunidade para o sector se modernizar”.

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Nesta sexta-feira há novos protestos de taxistas contra a Uber em Lisboa, Porto e Faro Bruno Lisita

O director geral da Uber em Portugal, Rui Bento, admite que a empresa pode começar a distribuir serviços para táxis em Lisboa e no Porto, à semelhança do que já acontece noutras cidades estrangeiras.

"Já acontece em múltiplos países a Uber incluir os táxis na sua plataforma, como no Reino Unido e em algumas cidades dos Estados Unidos. A partir do momento em que existe uma base de entendimento e um conjunto de pressupostos que nos permitem garantir que os serviços prestados são bons para os utilizadores, não há razão nenhuma para não o fazermos. Portanto, estamos totalmente abertos para falar sobre o assunto", disse Rui Bento à agência Lusa.

A Uber apresenta-se como uma aplicação para smartphones que liga quem se quer deslocar a operadores que transportam passageiros.

Numa entrevista à Lusa, o responsável lembrou que, quando a Uber chegou a Portugal, em 2014, trabalhou e ainda trabalha com táxis de letra A e T — "táxis não caracterizados que também podem prestar serviços ligados à plataforma".

Questionado sobre o litígio que opõe aquela plataforma ao sector do táxi — que se manifesta nesta sexta-feira com um conjunto de marchas lentas nas cidades de Lisboa, Porto e Faro —, Rui Bento lembrou que "não é a primeira vez que existe este tipo de reacção" e defendeu que, "mais do que uma ameaça, a tecnologia pode e deve ser uma oportunidade para o sector se modernizar e melhorar como um todo".

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Relativamente às acusações de que a Uber e os seus parceiros estão ilegais e não pagam impostos, o responsável assegurou que os operadores com que estabelece parcerias em Portugal "são todos licenciados".

"Todos os parceiros que se ligam à plataforma da Uber têm de ser devidamente escrutinados antes de poderem prestar serviços", explicou, acrescentando que "têm de ter licenças em dia e têm de ter todos os seguros aplicáveis por lei". Quanto aos motoristas, a sua documentação também é escrutinada e têm de ter o registo criminal actualizado e limpo.

"Os carros têm de estar em perfeitas condições mecânicas e estéticas, têm de corresponder a um conjunto de padrões que nós estabelecemos e têm de ter, todos eles, seguros comerciais que garantem que todos os utilizadores estão sempre protegidos em todas as viagens que fazem com a plataforma da Uber em Portugal", afirmou.

Rui Bento referiu ainda que, quando é feita uma viagem através da Uber, o cliente recebe, "automaticamente e sem ter opção", uma factura electrónica em que é declarado o valor do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e na qual consegue colocar os seus dados fiscais.

"A partir do momento em que isso acontece [...], todas as viagens são facturadas e o cumprimento de todas as obrigações fiscais torna-se mais simples e muito mais transparente", disse.

A Uber, que em Portugal opera em Lisboa e no Porto, tem actualmente mais de mil motoristas activos de parceiros e presta três serviços distintos: UberBlack (com carros topo de gama), UberX (com veículos de gama mais baixa) e UberGreen (veículos eléctricos), que está numa fase experimental.

"Lisboa e Porto são as únicas cidades no mundo que têm UberGreen. É uma alternativa de mobilidade 100% eléctrica ao mesmo preço do UberX (mais barato)", afirmou.

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