PJ acredita que jovem encontrado morto no Algarve foi assassinado

Investigação está a ouvir a mãe do rapaz de 15 anos e analisa indícios que recaem sobre o seu companheiro, que saiu do país no dia em que foi dado o alerta de desaparecimento.

A hipótese de acidente ou de suicídio está completamente afastada pela Polícia Judiciária, que acredita que a morte do jovem de 15 anos que foi encontrado morto esta quarta-feira foi um homicídio. O corpo do rapaz que estava desaparecido desde a semana passada foi encontrado nesta quarta-feira perto da casa onde vivia com a mãe, em Portimão. Segundo as informações recolhidas pelo PÚBLICO, o cadáver estava num terreno que já tinha sido inspeccionado na semana passada por cães pisteiros. 

A médica-legista que vai realizar a autópsia esteve esta quarta-feira no local onde o corpo foi encontrado a fazer o exame preliminar, confirmou ao PÚBLICO fonte oficial do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, que recusa adiantar elementos sobre o caso. "A autópsia vai realizar-se amanhã [quinta-feira] às oito da manhã no gabinete médico-legal do Barlamento Algarvio, em Portimão", adianta o assessor de comunicação, Mário Martins.

Durante esta manhã, a Polícia Judiciária esteve a tentar reconstituir a sequência de acontecimentos que levaram à morte do jovem que deixou de ser visto no dia 19 de Fevereiro e que foi dado oficialmente desaparecido pela família na segunda-feira da semana passada.

A mãe, que foi levada esta manhã para a PJ de Portimão, está a ser ouvida, segundo fonte da Judiciária. De acordo com a mesma fonte, há indícios de que o companheiro da mãe, que vivia na mesma casa, e que deixou o país rumo ao Brasil no dia 22, estará implicado no crime.

O corpo do jovem foi encontrado no sítio do Malheiro, junto ao Hospital de Portimão, numa das principais entradas da cidade, nas imediações da casa onde vivia. A confirmação surgiu esta manhã pela voz de Marco Cruz, porta-voz da GNR, em declarações à Lusa: "O corpo do jovem foi encontrado às 9h15 nas imediações da casa onde vivia, por um militar da GNR que ajudava a PJ nas buscas."

“Como é que o corpo veio aqui parar, voou?”, pergunta Sónia Pequeno, mãe de um colega de turma do jovem, próximo do local onde a PJ e GNR de Portimão encontraram o cadáver de Rodrigo. O rapaz encontrava-se a frequentar um curso profissional de cozinha na escola de Estômbar, em Lagoa, um município entre Silves e Portimão. A mãe, Célia Barreto, desempregada, deixou a filha, de seis meses ao colo da madrinha, e foi levada esta quarta-feira pela PJ a prestar para esclarecimentos. Isto apesar de já ter sido ouvida anteriormente pelos investigadores.

Ainda não é certo onde morreu o jovem. O local onde o cadáver foi encontrado, tinha sido batido pelos cães pisteiros da GNR, a meio da semana passada e nada foi encontrado. Trata-se de um terreno abandonado, a cerca de 500 metros de distância da estrada que liga Portimão a Monchique.

“Há neste caso, algo de misterioso”, alvitra, por outro lado, Vítor Caldeira, comercial, outro dos muitos populares que no sítio das Vendas (Portimão) – onde o casal vivia – veste a pele de detective de ocasião. “Quando via as imagens da mãe do Rodrigo na televisão, estranhei a frieza”, observa Susana Neves, colega de turma do jovem. A mãe, Sónia Pequeno, repreende: “Não digas isso, as pessoas não são todas iguais, cada qual reage à sua maneira”.

O casal vivia nesta localidade, numa casa alugada, há dez meses. O pai de Rodrigo, de quem a mãe se separou, vive em Estômbar. A perda do posto de trabalho na construção civil, relatam os vizinhos, agravou-lhe a dependência do álcool.

O rapaz percorria todos os dias cerca de seis quilómetros de bicicleta, até apanhar o autocarro que o levava à escola. Na sexta-feira, dia 19, faltou às aulas. “Um colega recebeu uma mensagem do telefone dele a dizer que lhe doía a garganta”, conta Susana Neves, acrescentando que o amigo era um aluno atento às aulas e curioso. “Super interessado, gostava muito de cozinhar”, justifica.

A mãe deu alerta público do desaparecimento do filho, no dia 22, pelas 18h00, dizendo que tinha ligado às 16h30 (hora a que o filho deveria ter saído das aulas) e o telefone estava desligado. A partir daí a noticia correu pelas redes sociais, foram feitas buscas no perímetro envolvente à habitação, chegou a ser utilizado um helicóptero.

Nesse dia, o companheiro da mãe viajou para o Brasil.  Nas televisões, entretanto, Célia Barreto fazia apelos para que o filho regressasse a casa, deixando implícito que o jovem teria fugido de casa. “Ele [o companheiro] queria levá-la para o Brasil, juntamente com a filha de ambos, mas ela não queria cá deixar o filho sozinho”, relata José Augusto, um vizinho reformado. Fala ainda de cenas de violência doméstica.  “De vez em quando havia brigas entre eles, mesmo aqui na rua”. O rapaz, conta, “opunha-se ao padrasto”. A colega Susana Neves confirma: “O Rodrigo, às vezes,  queixava-se do padrasto, mas ultimamente deixou de falar no assunto”. com Mariana Oliveira

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