Sem explicações para o que aconteceu em França, Bial está "de consciência tranquila"

Ministro da Saúde visitou esta sexta-feira a farmacêutica Bial para lembrar que a empresa é "uma activo estratégico do país". A visita ocorre uma semana depois da notícia da morte de um voluntário de um ensaio clínico da Bial, em França.

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Quase uma semana após a morte, em França, de um voluntário que participava num ensaio clínico de um novo medicamento da farmacêutica portuguesa Bial, o presidente não executivo do grupo, Luís Portela, afirmou esta esta sexta-feira que a empresa está concentrada no esclarecimento de toda a situação, enquanto assegurou que a investigação clínica sobre a molécula “está completamente suspensa” e só será eventualmente recuperada depois de conhecido e “ponderado” o resultado da investigação.

Depois de um dos seis voluntários que estavam a participar na fase I do ensaio (testes em pessoas saudáveis) ter morrido no domingo, esta quinta-feira teve alta o último paciente que estava internado no Centro Hospitalar de Rennes. Em comunicado, o centro hospitalar francês sublinhou que o que o estado de saúde dos outros três doentes, que foram entretanto transferidos para unidades de saúde próximas de suas casas, “continua a melhorar”. Um sexto voluntário que participava nesta fase do ensaio não apresentou qualquer tipo de problema e foi logo para casa.

Ainda sem dados novos, Luís Portela disse apenas que os responsáveis da Bial têm "a consciência" de que fizeram tudo direito" e de que cumpriram as normas. "Fizemos as coisas de acordo com as melhores práticas, temos a nossa consciência absolutamente tranquila, estamos focados em investigar por que é que aconteceu”, enfatizou, citado pela agência Lusa, no final de uma reunião com o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes.

 Luís Portela lembrou ainda que o ensaio de Rennes  “foi suspenso logo no próprio dia da primeira situação" e "não será mais recuperado", estando a investigação clínica sobre esta molécula "completamente suspensa”. “Só tomaremos a decisão de eventualmente recuperar depois de sabermos os resultados da investigação e de os termos ponderado”, asseverou. Ainda assim, lembrou que  a via da empresa “é fazer investigação, é continuar a investigação”. “Esta é a via pela qual nós servimos os interesses das pessoas em Portugal e no mundo e é isso que vamos continuar a fazer”, frisou.

Já o ministro da Saúde voltou a afirmar que “a Bial é um activo estratégico do país”, lamentando que, “em milhares de actos de investigação clínica por todo o mundo, numa zona onde a arquitectura jurídica, ética e regulamentar é tão potente”, estes problemas não sejam “totalmente evitáveis”.

Adalberto Campos Fernandes notou, mesmo assim, que “não se chega à investigação e à inovação terapêutica sem correr alguns destes riscos”. “Por isso é que é necessário serenar os cidadãos. Trata-se aparentemente de uma situação autolimitada cujos contornos conheceremos logo que o processo de investigação em curso em França seja terminado”, afirmou.

Na semana passada, seis voluntários, com idades compreendidas entre os 28 e os 49 anos, foram hospitalizados depois de terem participado num ensaio clínico de Fase I para a Bial, conduzido pelo centro de investigação francês Biotrial, que testava uma nova molécula com actuação a nível do sistema nervoso central.

O jornal francês "Figaro" anunciou que teve acesso esta semana ao ensaio do protocolo do ensaio clínico, com 96 páginas e escrito em inglês. O jornal submeteu o protocolo à apreciação de três especialistas, que o classificaram como “complicado” e levantaram várias reservas. com Lusa

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