Entreajuda

É verdade que as características das primeiras etapas do rali não o evidenciaram de uma forma tão clara como nos últimos dias, mas uma das características do Dakar é o espirito de entreajuda. Umas vezes ajudamos, outras somos ajudados. No fundo, é preciso saber em que situações é ou não viável tentar ajudar e nas quais seremos efectivamente uma ajuda.

Contudo, há situações em que, mesmo que queiramos, não vamos conseguir ajudar e é necessário saber identificar essas situações, como é o caso do que acontece a quem fica preso nas dunas: se tentarmos ajudar, muito provavelmente acabamos por lá ficar também e não só não ajudamos, como transformamo-nos em mais um problema. Às vezes custa, apetecia parar para dar um puxão, mas no fundo temos a perfeita noção de que se pararmos não seremos grande ajuda.

Obviamente que eu não estou a ver a Mini a ajudar a Peugeot, nem a Peugeot a ajudar a Mini, isso está fora de questão. Tirando as equipas oficiais que estão a disputar o Dakar com um empenho e um rigor duma dimensão diferente, a partir daí há claramente entreajuda. Obviamente também que se eu me aperceber que o Carlos Sousa tem um problema, sou mais propenso a ajudá-lo do que a prestar auxilio a um piloto que eu não conheço. Claro que estou a falar de incidentes de corrida, porque em caso de acidente a história já é outra e aí a ideia é mesmo ajudar, seja em que circunstância for e seja lá quem for.

Essa ajuda é mesmo obrigatória e os pilotos já sabem que esse tempo de paragem lhes vai ser descontado no final da etapa. A não ser que o primeiro piloto a parar queira ser ele a continuar a acompanhar o piloto acidentado, vão sendo substituídos por outros que venham mais atrás. Este apoio é fundamental para a capacidade de segurança da prova. Piloto, campeão nacional de todo-o-terreno.

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