Grandes eventos desportivos valeram a Lisboa mais de 90 milhões de euros

A conclusão é de um estudo desenvolvido pelo INDEG-ISCTE para a Câmara de Lisboa. Em 2015, o evento com mais espectadores foi a Volvo Ocean Race, enquanto o Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu se destacou pelo número de atletas.

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A Volta a Portugal em bicicleta atrai muita gente a Lisboa Daniel Rocha

Os grandes eventos desportivos que se realizaram em Lisboa entre Setembro de 2014 e Agosto de 2015 tiveram um impacto económico entre os 93 e os 109 milhões de euros. Desses, mais de 33 milhões de euros dizem respeito a gastos feitos directamente na cidade por atletas, dirigentes, técnicos e espectadores.

Estas são algumas das conclusões a que chegou uma equipa do INDEG-ISCTE, coordenada por Pedro Dionísio e Henrique Conceição, directores da pós-graduação em Gestão e Marketing do Desporto do Instituto Universitário de Lisboa. O estudo, cujos principais resultados foram apresentados esta terça-feira, foi encomendado pela Câmara de Lisboa e incidiu sobre 17 eventos, de diversas modalidades desportivas.

Para efeitos do estudo, esses eventos foram divididos em duas categorias: a dos “eventos espectáculo” e a dos “eventos participação”, que como explicou Pedro Dionísio são aqueles “em que qualquer um se pode inscrever e participar”.

Na primeira categoria, e atendendo ao número de espectadores registado, o director da pós-graduação de Gestão e Marketing do Desporto destacou a Volvo Ocean Race, à qual assistiram 207 mil pessoas. Antes já o vereador do Desporto da Câmara de Lisboa tinha sublinhado que a regata, que passou pela cidade entre Maio e Junho, “foi o grande momento de 2015”, “o maior evento desportivo” do ano.

Na lista dos “eventos espectáculo” que tiveram maior assistência seguiram-se os jogos do Sporting e do Benfica nas competições internacionais, com respectivamente 132 mil e 86 mil espectadores, e a Volta a Portugal em bicicleta, que foi acompanhada por 50 mil pessoas.

Mas se se olhar para o número de atletas, há um evento desportivo que destona todos os outros: o Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu, que em Janeiro de 2015 juntou na capital portuguesa 3700 praticantes da modalidade. Seguiram-se o Rugby Portugal Youth Festival, o Meeting Internacional de Lisboa (natação) e o World Rugby U20 Trophy.  

Quanto aos “eventos participação” sobressaíram “com grande destaque”, como notou Pedro Dionísio, a meia-maratona e a maratona, que atraíram respectivamente 37.433 e 23.521 participantes, dos quais cerca de oito mil estrangeiros. “As pessoas hoje deslocam-se, apanham aviões, vão a outros países para fazer uma corrida”, constatou o professor associado do ISCTE, lembrando que esses atletas trazem muitas vezes consigo acompanhantes que aproveitam para conhecer as cidades.

Já o vereador do Desporto sublinhou que a corrida é hoje um fenómeno “consolidado” em Lisboa. Segundo adiantou Jorge Máximo, no ano passado Lisboa foi palco de 66 corridas com o apoio da câmara, número que se destaca num universo de mais de duas centenas de eventos desportivos.

A equipa coordenada por Pedro Dionísio e Henrique Conceição concluiu que os atletas, dirigentes, técnicos e espectadores que vieram “de fora da Grande Lisboa” para assistir aos 17 eventos desportivos analisados gastaram 33.498 milhões de euros em hotelaria, restauração, outras compras e inscrições e bilhética.

Contabilizados foram também o efeito indirecto, que tem a ver com as actividades que prestam serviços ou vendem produtos aos organizadores e participantes dos eventos (como o catering, a segurança e as t-shirts), e o efeito induzido, que se prende com o aumento do poder de compra dos trabalhadores das indústrias envolvidas. De acordo com os investigadores do INDEG-ISCTE, o impacto somado desses dois aspectos oscilou entre os 93 e os 109 milhões de euros.

Olhando para o futuro, Pedro Dionísio notou que Lisboa tem “uma lacuna”, apontada pelos organizadores de eventos desportivos: a falta de um pavilhão “de dimensões médias”, com capacidade para cerca de cinco mil pessoas. Aos jornalistas, o vereador Jorge Máximo reconheceu que “não seria mau” para a cidade ter um equipamento com essas características, sublinhando no entanto que “a grande aposta” do município num futuro próximo passa pela realização de iniciativas desportivas “no espaço público”.

O autarca socialista revelou ainda que Lisboa está a preparar uma candidatura a Capital Europeia do Desporto, possivelmente para o ano de 2021.   

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