Cafetaria de Siza na rotunda da Boavista“não é exequível”

Presidente da Câmara do Porto diz que os custos do projecto são muito elevados para o mercado actual, que não se mostraria interessado em avançar com o projecto.

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Projecto da cafetaria na rotunda foi oferecido à Câmara pelo Metro do Porto. Paulo Pimenta

A cafetaria que o arquitecto Álvaro Siza Vieira projectou para a rotunda da Boavista, no Porto, no âmbito da construção do Metro do Porto, nunca saiu do papel, mas agora está, oficialmente, “em banho-maria”. A confirmação foi feita aos jornalistas pelo vereador do Urbanismo, Correia Fernandes, à margem da reunião da Câmara do Porto, depois de o presidente Rui Moreira ter dito, durante o encontro, que “o preço que custa não é exequível”.

O presidente respondia ao vereador Ricardo Almeida, do PSD, que questionara os custos associados a projectos que eram consecutivamente feitos e abandonados, referindo-se em concreto ao Mercado do Bolhão e já depois de o seu colega de bancada, Amorim Pereira, ter relembrado a existência para este espaço de um projecto de 1998, do arquitecto Joaquim Massena. Rui Moreira lembrou a passagem do tempo e a mudança de várias realidades – a passagem da linha de metro e das condições exigidas ao nível da higiene e segurança, no caso do Bolhão – e deu o exemplo da cafetaria da rotunda como o de um projecto que também necessitaria de ser “revisitado”.

“O projecto da casa de chá vai ter que ser revisitado. O preço que custa não é exequível”, disse o autarca, explicando que, após uma avaliação, os serviços tinham ficado convencidos que se fosse lançado um concurso para a construção e exploração do espaço, este “ficaria deserto”, face aos custos de 700 mil euros, sem equipamentos.

De acordo com o vereador do Urbanismo, o arquitecto Álvaro Siza foi mesmo contactado pela câmara para avaliar a possibilidade de revisitar o projecto, mas os resultados não foram conclusivos. “O arquitecto não estava muito tranquilo, passados todos estes anos, quanto à localização da cafetaria na rotunda e, além disso, as mudanças ao projecto teriam que ser pagas pela câmara”, explicou Correia Fernandes aos jornalistas.

Por isso, disse, o processo está actualmente “em banho-maria”. Até que a câmara entenda que tem verba para encomendar uma revisão de projecto ao arquitecto, esta parte fulcral do processo não deve avançar. E a menos que o mercado mude, o mais provável é que a rotunda da Boavista continue sem qualquer cafetaria projectada por Álvaro Siza.

A cafetaria fazia parte do projecto de requalificação da rotunda, desenvolvido pelos arquitectos Álvaro Siza e Souto de Moura, a pedido da Metro do Porto, mas nunca chegou a ser concretizada. O projecto, pago pela Metro, acabaria por ser oferecido à Câmara do Porto e, amiúde, a CDU apresentava propostas para que ele fosse concretizado. A última destas propostas, apresentada em Julho de 2014, propunha a abertura, no prazo de seis meses, de um concurso de construção-exploração da estrutura. Foi aprovada por unanimidade, mas o concurso nunca avançou.

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