Marcelo quer responsabilidades políticas apuradas na morte no S. José

Candidato presidencial visitou o hospital lisboeta para exigir o esclarecimento do caso que levou à morte de um jovem, mas também para passar uma mensagem de confiança no Serviço Nacional de Saúde.

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Desde a morte de um jovem de 29 anos, a 14 de Dezembro, por falta de serviços de neurocirurgia nas urgências ao fim-de-semana, a gestão dos hospitais de Lisboa está envolvida numa polémica. ana ramalho

O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa exigiu este sábado o apuramento do que "correu mal em termos políticos e organizativos" na morte ou mortes por falta neurocirurgiões ao fim-de-semana, recusando poupanças "na saúde dos portugueses".

"Pode-se poupar em muita coisa, mas poupar na saúde dos portugueses não é um bom princípio para quem quer afirmar a justiça social e construir um Estado democrático mais justo", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no início de uma visita ao Hospital de São José, em Lisboa.

O candidato à Presidência da República assumiu que a visita não aconteceu "por acaso" mas teve como objectivo passar a mensagem de que devem ser apuradas todas as responsabilidades das mortes que terão ocorrido pela falta de neurocirurgiões ao fim-de-semana, mas também uma mensagem de confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Questionado se o ex-ministro da Saúde Paulo Macedo deve ser responsabilizado politicamente pela situação ou situações em causa, Marcelo respondeu: "É isso mesmo que se deve apurar, em geral. (…) O que correu mal por falta de meios humanos, técnicos, financeiros, o que correu mal por falta de organização, não sendo possível haver permanentemente uma forma qualificada de intervenção, nomeadamente ao fim-de-semana, não ter um sistema de rotação entre hospitais. Correu mal ter demorado muito tempo a construção do Hospital Oriental? O que é que correu mal em termos políticos e organizativos?", questionou-se.

Confrontado com a posição da candidata Maria de Belém Roseira, que se manifestou contra a aplicação da lei dos compromissos no sector da saúde, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "não é apenas uma lei, que foi determinada por causa da situação de austeridade; é, em geral, [saber-se] que condições financeiras deve ter o Serviço Nacional de Saúde e como deve funcionar para que não se repitam estes episódios".

E frisou ser importante decidir se avança ou não a construção do Hospital Oriental. "É um problema financeiro? Obviamente. Mas é também, porventura, um problema organizativo. É isso que deve ser apurado e espero que venha a ser apurado. É essa a intenção do Governo, é essa a intenção do ministro da Saúde, e eu penso que é uma intenção fundamental para o conhecimento das portuguesas e dos portugueses", declarou.

O candidato a Belém insistiu igualmente na ideia de que o SNS "é uma das grandes conquistas do 25 de Abril" e merece confiança: "Não é uma árvore ou não são duas árvores, embora muito graves, que fazem uma floresta. Há 60 a 70 milhões de utilizações anuais do SNS", afirmou.

Um jovem de 29 anos morreu no Hospital de São José no dia 14, depois de ter sido internado no dia 11, tendo-lhe sido diagnosticado uma hemorragia cerebral provocada por um aneurisma, necessitando de uma intervenção cirúrgica rápida. Que não foi feita porque ao fim-de-semana o serviço de neurocirurgia-vascular estava suspenso desde Abril de 2014 e da neuroradiologia de intervenção desde 2013.

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