O Chelsea gastou 90 milhões quase só em suplentes

Uma das explicações do fracasso de Mourinho está na política falhada de contratações e dispensas.

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Pedro foi a contratação mais cara do Chelsea no último Verão Ed Sykes/Reuters

Alimentados pelos milhões dos direitos televisivos, os clubes da Premier League são sempre dos mais activos do mercado de transferências e, no Verão de 2015, voltaram a gastar centenas de milhões de euros. Deste bolo, 90,4 milhões vieram da carteira do Chelsea, mas, menos de quatro meses depois, percebe-se que os reforços dos blues, ao contrário do que aconteceu em alguns dos seus principais adversários, pouco acrescentaram à equipa que tinha sido campeã na época anterior. O contrário poderá ser dito de alguns jogadores que o Chelsea dispensou nesta segunda passagem de José Mourinho por Stamford Bridge, reabilitados em outras paragens.

É legítimo dizer que o mercado de Verão correu muito mal ao Chelsea. Não vamos contar com os inúmeros jogadores que regressaram de empréstimo e que não chegam sequer a aquecer o banco de suplentes. Falemos apenas dos nove jogadores por quem o Chelsea pagou dinheiro. Entre os 11 mais utilizados por Mourinho na época, apenas um foi reforço para a nova época. O guardião Asmir Begovic (11 milhões pagos ao Stoke City), foi contratado para ser o suplente de Thibaut Courtois, mas acabou por jogar mais do que se esperava devido à lesão prolongada do belga.

Dos outros, pouco há a dizer. Por ordem de custo, foi isto que aconteceu. Pedro Rodriguez foi o mais caro de todos os reforços – o ex-Barcelona custou 27 milhões -, mas foi apenas o 12.º mais utilizado por Mourinho e apenas com um golo marcado. O lateral-esquerdo ganês Baba Rahman (20 milhões pagos ao Augsburgo) foi apenas o 16.º mais utilizado, o avançado colombiano Radamel Falcao (8,3 milhões ao Mónaco por uma época de empréstimo) foi o 16.º, com apenas um golo marcado em todas as competições, o brasileiro Kenedy (ex-São Paulo, 8 milhões) está em 19.º entre os mais utilizados. Papy Djilobodji (ex-Nantes, 3,5 milhões) apenas jogou alguns segundos num jogo da Taça da Liga. Os outros três que custaram dinheiro, Michael Hector (5,4 milhões, ex-Reading), Nathan (ex-At. Paranaense, 4,5 milhões) e Manea (ex-Viitorul, 2,7 milhões) foram emprestados.

Nem todas estas contratações, admitiu o treinador português, tiveram o seu aval. O quase desconhecido Djilobodji, por exemplo, foi uma contratação de recurso após o Chelsea ter falhado a aquisição de John Stones ao Everton, que rejeitou uma proposta de 40 milhões. Isto pode ser entendido como um sinal de que o Chelsea perdeu força negocial numa liga em que todos têm acesso aos milhões das transmissões televisivas, o que permite aos blues de Liverpool resistir sem esforço a uma proposta milionária.

Se é verdade que Mourinho escolheu bem em muitas das suas contratações nesta segunda passagem por Londres – Matic, Willian, Fàbregas ou Diego Costa -, também é verdade que deixou fugir para outras paragens alguns jogadores que, provavelmente, lhe teriam dado muito jeito agora. Muitas destas saídas renderam, de facto, bom dinheiro e ajudaram a equilibrar o balanço das transferências do Chelsea, tendo em conta as regras do fair-play financeiro, mas jogadores como Kevin de Bruyne (Manchester City), Andrea Schurrle (Wolfsburgo), Romelu Lukaku (Everton), David Luiz (PSG), Demba Ba (Shanghai Shenhua), Petr Cech (Arsenal), Juan Cuadrado (Juventus), Mohamed Salah (AS Roma) ou até Didier Drogba (um goleador renascido na MLS) teriam sido muito úteis.

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