CDS discorda da decisão de Cavaco Silva

Partido considera "incompreensível" que PS não divulgue a resposta ao pedido de esclarecimentos do Presidente da República.

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Nuno Magalhães é o líder parlamentar do CDS-PP Nuno Ferreira Santos

O CDS-PP assumiu que “tem e mantém uma discordância de fundo” quanto à indigitação de António Costa para primeiro-ministro. Foi uma declaração de Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, em nome do partido, que foi mais dura para Cavaco Silva do que a posição assumida pelo PSD.

Numa declaração aos jornalistas em que não esteve disponível para responder a perguntas, Nuno Magalhães começou por declarar “respeito” pela decisão do Presidente da República por o CDS-PP ser um partido “institucional”. Mas deixou claro que está contra a decisão de Cavaco Silva, uma ideia que já tinha ficado implícita nas declarações do líder do partido, Paulo Portas, na sexta-feira, depois da audiência em Belém.

“Temos e mantemos uma discordância de fundo quanto à indigitação do secretário-geral do PS e à formação do 21.º Governo Constitucional”, disse o líder da bancada parlamentar centrista, sublinhando que “é a primeira vez, em 40 anos de democracia, que o perdedor das eleições é indigitado primeiro-ministro”. Nuno Magalhães acrescentou ser também “a primeira vez em 40 anos de democracia que a maioria relativa que os portugueses escolheram em eleições é impedida de governar” e que haverá um governo cuja “estabilidade e consistência” ficaram dependentes de partidos que admitiram ou defenderam a saída do euro.

O líder parlamentar do CDS considera “incompreensível” que o PS não divulgue a resposta que deu ao Presidente da República sobre os esclarecimentos que este pediu a António Costa na segunda-feira. Depois de terem sido tornadas “públicas as dúvidas colocadas pelo chefe do Estado, não devem ser confidenciais as respostas”. “Estamos a falar da estabilidade e da governabilidade de Portugal, ou seja, do interesse nacional”, justificou.

Reafirmando que o primeiro-ministro indigitado “é formalmente constitucional” mas é e será, para o CDS-PP, “politicamente ilegítimo”, o dirigente centrista apontou o dedo ao PS não só pelos “efeitos preocupantes” que já começaram a sentir-se na economia, mas também por ter aproveitado o momento político para chegar ao poder. “Todos os portugueses perceberam que o PS se prevaleceu de uma circunstância excepcional – o Presidente da República não pode convocar eleições no último semestre do seu mandato – de modo a conseguir os seus objectivos”, afirmou. “A maioria dos portugueses não se revê nesta forma de actuar”, acrescentou. 

O PSD declarou que não vai apoiar o Governo PS, mas não se pronunciou sobre a decisão de Cavaco Silva, dizendo apenas que a respeita. 

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