Quercus diz que parque eólico de Moncorvo ameaça a paisagem do Douro Vinhateiro

Associação ambientalista admite enviar uma queixa para a UNESCO

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A associação ambientalista Quercus considerou esta terça-feira que a construção do Parque Eólico de Torre de Moncorvo (PETM) é uma nova ameaça à integridade paisagística do Alto Douro Vinhateiro, uma região que é Património da Humanidade. Em declarações a Lusa, o presidente da Direcção Nacional da Quercus, João Branco, disse que a construção de 30 aerogeradores no PETM, com 120 metros de altura, é equivalente à construção de 30 prédios, com 30 andares cada. "A instalação do parque eólico vai 'ferir' a paisagem, já que se trata de uma estrutura visível a várias dezenas de quilómetros do local", justificou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, disse desconhecer o teor da posição de Quercus, prometendo uma reacção para "mais tarde".

A Quercus considera que este projeto do PETM não está em condições de ser aprovado pelo Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia. E caso o Estudo de Impacto Ambiental seja aprovado, a Quercus diz não descartar uma queixa contra os promotores da estrutura energética junto da UNESCO. O futuro parque eólico vai ficar instalado a 900 metros de altitude, num local situado entre as localidades de Lousa e Castedo. O espaço estende-se ao concelho vizinho de Carrazeda de Ansiães, onde serão colocadas até oito torres eólicas.

Para os ambientalistas da Quercus o ruído provocado pelos aerogeradores vai para além do permitido por lei. "Não estamos convencidos com os testes de ruído, até porque num dos ensaios foram registados valores acima do legalmente previsto", frisou João Branco.

Outras preocupações manifestadas pelos ambientalistas têm a ver com a avifauna da região, como as colónias e abrigos de morcegos, um casal de Águia-de-bonelli - espécie ameaçada de extinção, cuja população portuguesa é de apenas de cerca de 100 casais - e duas parelhas de águia-real. No campo da flora autóctone, os zimbros, sobreiros e azinheiras são outras das preocupações manifestadas pelos ambientalistas, já que são espécies que proliferam na zona.

Em Maio passado, o grupo Island Renewable Energy avançava que a construção do PETM, no distrito de Bragança, deverá ocorrer até final de 2015, acrescentando os seus responsáveis que a unidade deveria entrar em funcionamento em 2016.

O investimento da multinacional de capitais irlandeses ronda os 80 milhões de euros, o que vai permitir a instalação de 25 a 30 aerogeradores com uma potência que vai de 2 a 2,5 megawatts, tratando-se assim de um investimento "viável". A Island Renewable Energy já havia formalizado um pedido de empréstimo no valor de 40 milhões de euros junto do Banco Europeu de Investimentos (BEI). A Lusa tentou o contacto com os responsáveis pela Island, mas sem sucesso.     

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