O esplendor de Sofia Areal

A pintura de Sofia Areal volta a conviver com o público. A iniciativa é de uma dupla cúmplice, da própria artista e de um amigo de longa data, Jorge Silva Melo.

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José Manuel Vasconcellos
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Quatro anos depois de uma pequena antológica no Museu na Cordoaria Nacional, a pintura de Sofia Areal (Lisboa, 1960) volta a conviver com o público. A iniciativa é de uma dupla cúmplice, da própria artista e de um amigo de longa data, Jorge Silva Melo. Sim, já terão adivinhado, a exposição inaugura, no dia 23 de Setembro, no Teatro da Politécnica, a casa-refúgio dos Artistas Unidos.

“É uma pequena série de 27 desenhos, muito íntima. Têm uma escala e uma dimensão diferentes das obras que foram apresentadas na Cordoaria. Essas eram muito afirmativas, expansivas, a exposição era torrencial. Nesta, procura-se uma relação mais pessoal e delicada com a arte da Sofia [Areal], como se fosse um segredo”, diz Silva Melo. O que não mudou foi a natureza das cores, das formas, do traço. E as emoções que estes elementos comunicam. “Encontro [neles] uma grande felicidade. Há ironia e sarcasmo, não melancolia. Nas suas telas, descobre-se uma experiência da plenitude que me encanta e fascina. As suas pinturas e desenhos exprimem um sentimento que está esquecido e que ela tem. A alegria. Recordo o nome da sua primeira antológica. Chamava-se ´Sim!’ “.

A exposição deste Setembro foi baptizada com outro título: “Que grande pouca-vergonha (morde com todos os dentes que tens na língua)”. Escreve a artista, no texto de apresentação, que trata de “uma paródia sobre as relações entre pessoas, pares ou não, nas suas mais diversas variantes”. Ou seja, os desenhos remetem para um tema, mas de um modo que se harmoniza com o universo estético e plástico da artista: as pessoas são evocadas por pronomes pessoais desenhados ou pintados sobre o papel, por palavras, como manifestações da vida.

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Foi por palavras, também, que Jorge Silva Melo e a Sofia Areal chegaram a esta exposição. “Conheço a Sofia há 25 anos, conheço as suas hesitações, afirmações, lutas. Vemo-nos todas as semanas, acompanho o seu trabalho. Gosto de mostrar o que os meus amigos andam a fazer, não tenho responsabilidade curatoriais e surgiu agora a oportunidade de fazer isto. A exposição surge a par de um filme, “Sofia Areal, um filme sobre a felicidade”, que começou a ser rodado em 2011, mas foi interrompido por falta de financiamentos. “Tenho feito filmes sobre artistas consagrados, com obra feita. Neste, vou mostrar gestos de um artista mais nova que ainda está descobrir a sua pintura, que ainda pinta. Vamos mostrá-lo numa sessão aberta às pessoas, à conversa e espero, depois, poder acabá-lo”.

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