Eu sou menos ingrato do que tu

A saída de Jorge Jesus do Benfica e a sua transferência para o Sporting deu início a uma onda de indignação em torno de uma suposta ingratidão do treinador para com o clube onde se sagrou, pela primeira vez (e por três ocasiões), campeão nacional e que lhe deu uma projecção que não tinha até então.

João Gabriel, director de comunicação dos “encarnados”, foi o primeiro a recorrer ao adjectivo para descrever o comportamento do técnico bicampeão nacional. E Luís Filipe Vieira, presidente benfiquista, recuperou-o poucas horas depois.

Só que um treinador que chega ao fim do seu contrato (que, aliás, cumpriu com brilhantismo) e considera inaceitáveis as condições que lhe são oferecidas para assinar um novo vínculo não está a ser ingrato, está apenas a exercer um direito que lhe assiste.

Muito maior ingratidão estará, porventura, a cometer Bruno de Carvalho em relação a Marco Silva, um treinador que tinha mais três anos de contrato pela frente e de quem agora quer ver-se livre alegando justa causa. Conquistar uma Taça de Portugal (troféu que não entrava em Alvalade há sete anos), somar o maior número de pontos desde o início deste século, não perder com o rival Benfica em nenhum dos embates da temporada ou ficar muito perto de uma qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões são certamente feitos que não se comparam com uma suposta ausência de reprovação ao defesa Rojo quando este terá alegadamente tentado agredir o presidente na novela que antecedeu a transferência do argentino para o Manchester United.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários