Todos à espera de um gesto de Michel Platini

O presidente da UEFA surge como o principal rosto de uma candidatura alternativa à de Blatter.

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Platini pode ser o senhor que se segue a Blatter ARND WIEGMANN/Reuters

A demissão de Joseph Blatter e a perspectiva de novas eleições para a liderança da FIFA faz levantar a questão sobre quem poderá suceder ao dirigente suíço que se manteve à frente do organismo máximo do futebol mundial durante 17 anos. Para já, apenas um nome surge como candidato seguro ao lugar: o do príncipe jordano Ali bin Al-Hussein, que desafiou Blatter no recente congresso da FIFA, mas que acabaria por desistir depois da contagem dos votos. Luís Figo, que desistiu dias antes das eleições, é uma das hipóteses, mas, mais do que a recandidatura do monarca jordano ou do ex-futebolista português, é de um gesto de Michel Platini que todos esperam.

O actual presidente da UEFA surge no topo da lista quando se trata de elencar o nome de potenciais candidatos à sucessão de Blatter. Resta saber se o francês está disposto a abandonar o cargo de presidente da UEFA, para o qual foi reeleito há pouco mais de um ano merecendo o apoio da larga maioria das federações.

Apoiante de Blatter em 1998, na primeira vez que o suíço se candidatou à liderança da FIFA, Platini não concordou com a continuidade do suíço no cargo para aquele que seria o quinto mandato do helvético. Platini e Blatter estavam há algum tempo em campos opostos, naquilo que era visto como uma tentativa do francês de se distanciar do homem forte da FIFA, preparando terreno para uma eventual candidatura. Alegadamente, ela chegou mesmo a ser equacionada, mas o anúncio da recandidatura de Blatter (depois de ter dito que não avançaria) levou o francês a sair de cena.

Agora, o antigo capitão da selecção francesa, actualmente com 59 anos, que na quinta-feira pediu a Blatter para deixar o cargo, surge, sem dúvida, como um dos homens melhor posicionados para suceder ao suíço.

Quem já fez o anúncio de que está na corrida é Ali bin Al-Hussein. Pouco mais de meia hora depois de Blatter ter revelado que saía de cena, o jordano declarou que está de volta. Ali goza de uma boa imagem internacional e o conforto de ter obtido 73 votos nas eleições da passada semana. E, se é certo que perderá muitos destes votos no caso de Platini avançar, uma vez que a maioria das federações europeias que o apoiaram presumivelmente não o fariam se o actual presidente da UEFA avançasse, também é verdade que poderia receber os votos de federações mais pequenas, que poderiam ver a chegada de Platini ao cadeirão da FIFA como uma hegemonia indesejável da confederação europeia de futebol.

Tem contra si os 39 anos de idade que tem no seu bilhete de identidade e que muitos podem associar a inexperiência.

Já Michael van Praag, presidente da Federação Holandesa de Futebol, e Luís Figo, que se afastaram da corrida à liderança da FIFA antes das eleições, podem, teoricamente, voltar à corrida. Ambos abdicaram a favor de Al-Hussein, justificando a sua decisão com um processo que consideraram estar viciado. Agora, com Blatter sendo uma carta fora do baralho, fica a incógnita sobre se consideram ter condições para reassumirem as suas candidaturas.

Para já, e no caso do português, pouco foi revelado. Nesta terça-feira, apenas uma declaração de circunstância, num tom que dava a entender que Figo estaria mais inclinado a apoiar uma “solução consensual” do que em protagonizar essa solução. “Um dia bom para FIFA e para o futebol. A mudança está finalmente a chegar. Como disse na minha declaração de sexta-feira: o dia podia tardar, mas chegaria. Ele aí está! Devemos agora, de forma responsável e serena, procurar uma solução consensual em todo o mundo para que comece uma nova era de dinamismo, transparência e democracia na FIFA.”

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