Governo madeirense inicia processo de reestruturação do Jornal da Madeira

Secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus assegurou que o executivo vai procurar “proteger os postos de trabalho”.

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Reunião do Governo Regional decorreu sob a presidência de Miguel Albuquerque Direitos Reservados

O Governo Regional da Madeira decidiu nesta quinta-feira iniciar o processo de reestruturação financeira, empresarial e editorial da Empresa Jornal da Madeira (EJM) com vista à sua privatização, anunciou o secretário dos Assuntos Parlamentares e Europeus.

Sérgio Marques, que foi o porta-voz da reunião semanal do executivo madeirense, enunciou alguns dos aspectos relacionados com este processo, contornos esses que foram divulgados nesta quinta-feira por alguns órgãos de comunicação social da Madeira mesmo antes de serem decididos na reunião do Governo Regional, que decorreu sob a presidência de Miguel Albuquerque.

Sérgio Marques referiu que o Governo insular “irá cessar a participação obrigatória dos contribuintes na sustentabilidade financeira do JM”.

Segundo o responsável, este processo permitirá “devolver a uma lógica de mercado concorrencial o pluralismo saudável na comunicação social da região”.

O governante assegurou que o executivo vai procurar “proteger os postos de trabalho”, sendo sua determinação “terminar com a brevidade possível a correcção do dumping [venda abaixo do preço de custo] na publicidade e implementar um preço de capa, até ao último trimestre deste ano”.

O secretário mencionou que, até este processo estar concluído, o JM “terá de continuar a viver com o resultado do esforço dos contribuintes”, sendo intenção do executivo regional “começar imediatamente a diminuir” os custos públicos.

Sérgio Marques adiantou que o Governo Regional vai nomear novos gestores (Paulo Vieira e António Abreu), que terão como missão “reestruturar totalmente” a empresa, que passa a ter apenas um gerente executivo remunerado, com a missão de executar um contrato de gestão, o qual tem por objectivo “o saneamento financeiro da EJM, a reestruturação empresarial e a implementação de um novo projecto editorial independente”.

O responsável referiu ser “inevitável uma redução acentuada de todos os factores de custo” do JM, incluindo a carga salarial de quadros, através de rescisões amigáveis dos contractos de trabalho, recordando que o JM tem custos anuais de 3,5 milhões de euros e receitas de pouco mais de um milhão.

Sérgio Marques disse ainda que este processo está a ser “devidamente articulado com a diocese do Funchal [proprietária do título do Jornal da Madeira]”, acrescentando que a igreja também está num “período de reflexão” sobre a participação neste projecto de “um novo JM”.

“Todo este processo de reestruturação tem por grande objectivo cumprir a necessidade de alienarmos, de privatizar” o jornal, fazendo com que o Governo madeirense “retire a participação neste órgão da imprensa escrita” do arquipélago, salientou.

A Região Autónoma da Madeira detém presentemente uma participação de 99,98% no capital da Empresa Jornal da Madeira, que é de 4,3 milhões de euros, sendo o restante da diocese.

Sérgio Marques considerou também ser necessário tornar o JM “mais atractivo”, sustentando que as decisões tomadas devem ser “pautadas pelo sentido de responsabilidade”, não podendo o governo regional “embarcar em aventureirismos”.

“Se puséssemos amanhã preço de capa correríamos risco das receitas publicitárias caírem abruptamente, da tiragem cair para valores irrisórios”, argumentou, opinando que tal “implicaria a passagem de uma certidão de óbito”, condenado este matutino madeirense a uma “morte prematura”.

Sérgio Marques perspectivou que com o processo agora desencadeado, no próximo ano a empresa estará em condições de cativar eventuais interessados na sua aquisição.

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