Quercus contra aerogeradores em Montemuro que colocam em perigo o lobo-ibérico

Associação ambientalista alerta para a própria lei que é “explícita” na proibição de alteração e perturbação do habitat desta espécie

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Manuel Roberto

A Quercus está contra a instalação de mais aerogeradores nas serras de Montemuro, Freita e Arada. A associação ambiental alerta para os impactos negativos que o investimento numa zona que pertence à Rede Natura 2000 vai ter, nomeadamente na população do lobo-ibérico.

A Associação apela aos investidores e aos promotores que optem por outras localizações, por forma a que se evitem “conflitos desnecessários e o uso de recursos em projetos insustentáveis”.

A consulta pública ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do Projeto de Sobreequipamento do Parque Eólico da Arada/Montemuro – 2ª fase terminou no início do mês. Trata-se de um investimento promovido pela empresa Eólica da Arada e licenciado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) com o objetivo de reforçar a capacidade de produção média anual de energia elétrica no Parque Eólico da Arada/Montemuro e ao qual a Quercus deu o seu parecer negativo.

Em causa está a instalação de mais seis novos aerogeradores, que se juntarão aos 56 já existentes nos três subparques que constituem este parque eólico.

“A instalação dos novos equipamentos, para além de implicar, na fase de construção, a destruição de coberto vegetal e perturbações irreversíveis ao nível da flora e fauna selvagens, acarreta igualmente, durante a fase de exploração, um elevado risco de morte de espécies da avifauna por colisão com os aerogeradores, impactes que são inadmissíveis tratando-se de áreas inseridas na Rede Natura 2000”, alerta João Branco, vice-presidente da Quercus.

Mas o ativista reforça que o maior perigo está na população do lobo-ibérico, espécie que se encontra em “grave risco de extinção”, um facto sustentado também pelo parecer do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas que refere que “as soluções propostas geram impactes não negligenciáveis (...), designadamente, sobre o lobo-ibérico”.

“Este facto deveria ser um motivo suficiente para que o projeto não fosse sequer ponderado”, sustenta João Branco que disse que esta posição já foi comunicada à autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental.

“Isto é uma violação clara à lei do Lobo. Por um lado, o próprio Estado está a promover um plano para a conservação da espécie e, por outro, permite que se ocupe o seu território com novos aerogeradores”, frisa.

A Quercus aguarda agora que a Agência Portuguesa do Ambiente se pronuncie. “Vamos ver o que prevalece, se a própria lei ou os interesses das eólicas”, finaliza João Branco,

O ambientalista recorda que é nesta zona das serras que se encontra a maior população do lobo a sul do Rio Douro, uma população que “tem cada vez menos território para se reproduzir”. “À medida que o espaço natural é ocupado, o lobo vai perdendo território”, lamenta.

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