Circunvalação pode ganhar canal para o metro entre a Areosa e o Parque Nascente

Técnicos vão nos próximos meses desenhar as propostas do Relatório do Programa Metropolitano para a Requalificação Urbana da Circunvalação.

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A intervenção na Circunvalação pretende requalificar 17 quilómetros desta via Paula Abreu

Está aberta a nova fase do Programa Metropolitano de Requalificação Urbana da Circunvalação. Terminado o relatório de lançamento, que balizou as linhas de orientação do conjunto de intervenções a levar a cabo nesta estrada que liga territórios do Porto, Matosinhos, Maia e Gondomar, a Área Metropolitana do Porto criou o Gabinete do Risco, que reúne arquitectos e técnicos dos vários municípios com a missão de desenhar, nos próximos quatro meses, propostas concretas para este projecto. Que vai incluir um canal para o metro no troço entre a Areosa e o Parque Nascente, ligando as linhas Amarela e Laranja.

Neste momento, a Área Metropolitana e os municípios envolvidos desconhecem ainda se esta iniciativa de transformação numa avenida urbana, integradora, de 17 quilómetros da antiga via que separava o Porto dos restantes concelhos vai poder ser financiada pelo Portugal 2020. No entanto, o vice-presidente da AMP e autarca da Maia, Bragança Fernandes, insistiu que uma pretensão com estes termos – que parte da área metropolitana, envolve quatro câmaras e tem um efeito positivo na qualidade de vida urbana, notou – “só pode ser aceite pela Comissão de Coordenação da Região Norte ou pelo Governo”.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mostrou-se também preocupado com o nível de incerteza que rodeia ainda o modo de financiamento deste projecto. Elogiando o trabalho feito pela AMP e pelos quatro municípios envolvidos, o autarca independente lembrou que se “perderam várias oportunidades” de levar a cabo esta requalificação, discutida há anos, com verbas dos anteriores quadros comunitários. “Nesta fase, só não se pode falar numa vitória porque não sabemos se vamos ter ‘caroço’ para fazer isto”, assinalou, admitindo que há ainda um esforço de pressão a fazer sobre as entidades que decidem o destino dos fundos europeus.

Num dos contributos de inúmeras entidades e personalidades para o relatório de lançamento, apresentado esta terça-feira na sede da AMP, o presidente da Autoridade Metropolitana de Transportes alertava para o facto de o Portugal 2020 exigir, para projectos de mobilidade urbana em Lisboa e no Porto, a existência de um Plano de Mobilidade Sustentável. Documento, avisa, que não foi ainda elaborado. O que não impede que muito do documento que serve de base ao programa de requalificação da Estrada da Circunvalação seja já uma leitura das implicações desta via na distribuição dos vários tráfegos que a percorrem e atravessam.

Como tinha já sido anunciado, a intenção do grupo coordenado pelo arquitecto Correia Fernandes, vereador do urbanismo da Câmara do Porto, passa por transformar esta estrada que hoje separa partes da “grande cidade”, numa avenida que as ligue. O que passa pela conjugação do tráfego automóvel com o transporte público em autocarro, que deve ganhar maior fluidez, as ciclovias e a circulação pedonal, hoje negligenciada, nas suas margens. O que permite integrar também as áreas de habitação e de serviços existentes junto à Circunvalação. Todos os interessados podem ainda dar contributos para o projecto, através do email circunvalacao@amp.pt.

Apesar dos constrangimentos financeiros do país, o projecto, que se dividirá em três grandes troços, correspondentes a outras tantas fases de obra, eventualmente, vai deixar espaço para outras grandes intervenções: é o caso de um terminal intermodal há muito previsto para a zona fronteira ao São João – onde chegou a ser pensado o enterramento de uma parte da via – e da criação de um canal para transporte público onde possa a vir a ser implantado, no futuro, uma linha de metro, entre a Areosa e o Parque Nascente, em Rio Tinto. Como lembrou o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, este seria um prolongamento natural da projectada linha circular do metropolitano, entre a Senhora da Hora e o Hospital, que foi também adiada.       

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