Associação de Comerciantes do Bolhão quer Moreira a explicar planos para mercado

Líder associativo cansado de esperar pelos detalhes do processo de reabilitação do mercado. "Não sei de nada". garante.

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Alcino Sousa queixa-se de não ter sido recebido por Rui Moreira desde a eleição do autarca Adriano Miranda

O presidente da Associação de Comerciantes do Mercado do Bolhão revelou esta quarta-feira que quer reunir-se com o presidente da Câmara do Porto para saber detalhes sobre a recuperação do edifício, transferência de comerciantes e condições de regresso.

Em declarações à Lusa, Alcino Sousa, que desde 2007 preside à comissão de gestão da associação, adiantou que tenciona pedir, "brevemente", uma reunião ao presidente da autarquia, Rui Moreira para conhecer o que a Câmara tem "guardado a sete chaves".

"Até hoje, não sei de nada. Não aceito que isto continue assim. Quero saber o que está a ser feito, o que nos vai acontecer, quais as condições do local para onde vamos [mercado provisório durante as obras], se temos a garantia de regressar, em que condições, com que rendas, e se vamos gastar dinheiro com equipamentos", alertou.

"Para sairmos daqui, temos de ter um retorno, ou seja, a certeza de que podemos voltar. E, regressando, quais vão ser as condições. Depois do que temos passado, não podemos pagar uma renda altíssima para voltar ao Bolhão requalificado", justificou. Para Alcino Sousa, "a renda tem de ser uma coisa adequada" com o que os comerciantes "têm passado nos últimos anos".

"Imagine que nos apresentam um valor que não podemos pagar? Vamos ter de comprar equipamentos? Não sei. A Câmara tinha de saber o que fazer e dizer o que quer", defendeu. "Não sei se a Câmara está a trabalhar. Se calhar até está. Mas podia chamar as associações e dar uma informação", vincou.

A Casa Forte, situada junto ao quarteirão do mercado, tem sido uma das hipóteses avançada para acolher temporariamente os comerciantes durante as obras, mas Alcino Sousa está mais preocupado com o estado de conservação do espaço e o valor das rendas a pagar. "Se as condições forem estas [as do Bolhão], não vale a pena mudar", sustentou.

As contas de Alcino Sousa apontam para a existência de 80 comerciantes num mercado que já albergou 440.
"Eu próprio estou a tentar aguentar o estabelecimento, mas já não consigo pagar 400 e tal euros de luz. Para além das rendas pagas à Câmara, que desde 2013 tiveram uma redução de 40%, temos outras despesas, com luz, água e coisas que não se vendem, como é o caso do meu negócio", desabafou, referindo-se à carne do talho que gere no Bolhão.

Alcino Sousa esteve presente na reunião pública camarária de 7 de outubro, quando Rui Moreira assegurou pela primeira vez que a Câmara não ia avançar "para um modelo de concessão" mas sim para "um modelo público de mercado de frescos". O autarca esclareceu na altura que tal implicava "estar em condições de apresentar uma candidatura a fundos comunitários", algo que continua por confirmar.

Apesar desse contacto, Alcino Sousa lamenta que Moreira nunca o tenha recebido desde que tomou posse e pretende "pedir uma reunião" ao autarca.

Escorado há dez anos devido ao então anunciado risco de ruína, o edifício é monumento de Interesse Público desde setembro de 2013. O primeiro projeto de requalificação ficou concluído em 1998, mas as obras nunca avançaram, à semelhança das duas soluções apresentadas pelo anterior executivo liderado pela coligação PSD-CDS e pelo presidente Rui Rio.

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