Como a PJ descobre o nome dos mortos

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No site da Polícia Judiciária há uma lista de 69 corpos por identificar Rui Gaudêncio

Recolher impressões digitais, amostras de ADN, fazer reconstruções faciais, comparar a dentição dos cadáveres com os registos existentes nos consultórios dos dentistas... os procedimentos usados pela Polícia Judiciária (PJ) para procurar apurar a identidade de um cadáver variam conforme as situações. De um corpo em avançado estado de decomposição pode ser quase impossível recolher uma impressão digital, por exemplo.

Isto para já não falar dos casos em que o que há para investigar são diferentes peças anatómicas — um agente recorda quando encontraram duas pernas do mesmo corpo em locais muito distintos, “calçava o 42”.


Nos casos de homicídios, acontece que os cadáveres sejam propositadamente desfigurados — é mais difícil chegar à autoria do crime se não se sabe quem é o morto.

Por vezes, a PJ abre a investigação quando é chamada ao local de um crime e há um corpo sem identificação. Noutros casos é o Instituto Nacional de Medicina Legal que pede o seu apoio — alguém morreu na rua, de causa natural, por exemplo, o cadáver não foi reclamado, não se sabe quem é, a polícia poderá encontrar uma pista?

Uma fonte da Judiciária, que pediu para não ser identificada, explica que a maior parte dos processos acabam com uma identificação — pedir aos serviços de criminalística uma recolha das impressões digitais e, depois, perguntar aos serviços de notariado se há um registo que corresponda pode ser o primeiro passo. Quando se suspeita que se trata de estrangeiros pode, através da Interpol, enviar-se essas impressões para os serviços dos supostos países de origem.

A recolha de amostras de ADN é outra via. Mas só é útil se houver uma suspeita que permita comparar a amostra recolhida do cadáver com a de um alegado familiar.

Mas também há processos que nunca chegam a bom porto. Muitos deles vão para a uma lista que a PJ tem no seu site na Internet onde é possível ver fotografias potencialmente chocantes de corpos que até hoje não têm um nome. São 69 os que actualmente se encontram no site. Para muitos há informação deste tipo: “Local Onde Foi Encontrado: Estrada Nacional n.º 18, junto à CERCIBEJA em Beja. Encontrado em: 22.11.2009. Origem: Europa (Sul). Sexo: Masculino. Altura: 1,72. Cabelo e Pelos Faciais: cabelo grisalho ruivo e bigode ruivo. Olhos: verdes. Peso: 100. Sinais Particulares: Apresenta uma cicatriz antiga de apendicecotomia na fossa ilíaca direita, cicatrizes antigas na face anterior do joelho direito e presença de lesão antiga na face interna da coxa esquerda, no terço inferior.”

Quem tiver informações deve contactar a PJ, pede-se nos diferentes casos. Alguns dos corpos da lista estão à espera de pistas desde 2002.

 

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