ISEG lança primeiro curso para ensinar Igreja a gerir melhor os "negócios" da fé

Primeira pós-graduação em Administração de Organizações Religiosas.

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Os peregrinos iam a caminho de Fátima Público/Arquivo

A primeira pós-graduação em Administração de Organizações Religiosas, apresentada nesta quinta-feira ao final da tarde, é promovida em parceria com a Igreja Católica, e terá na sua primeira edição entre 25 e 30 alunos.

António Pimenta de Brito, responsável pelo curso, explicou à agência Lusa que, mesmo tratando-se de organizações que não visam o lucro, há sempre a necessidade de gerir bem os fundos que têm.

O curso "surge num contexto de crise e de necessidade cada vez mais premente de as instituições religiosas se auto-sustentarem financeiramente", disse António Pimenta de Brito.

Para este responsável, são cada vez mais as instituições religiosas que, "a par da actividade social e espiritual", têm negócios.

"Vemos cada vez mais a hotelaria gerida por instituições religiosas, mas depois há também todos "os negócios" sociais e as respostas que a Igreja tem", disse.

António Pimenta Brito lembrou que a maioria das instituições sociais estão ligadas à Igreja e que não há nenhuma formação no mercado para as pessoas que nelas trabalham e que "todos os dias têm que tomar decisões de gestão".

"Se um instituto religioso gere um bar num bairro social, se não gerir bem os seus recursos não vai conseguir reinvestir na sua actividade social. A gestão acaba por ajudar à eficiência", considerou.

O curso será dividido em duas partes: uma sobre as "ferramentas nucleares" de gestão (gestão e recursos humanos, marketing, finanças) e outra adaptada à realidade das instituições religiosas onde serão abordadas, por exemplo, as implicações na gestão das questões relacionadas com a Concordata da Igreja Católica com o Estado português.

A pós-graduação destina-se principalmente às instituições da Igreja Católica e os inscritos vêm de instituições católicas, centros paróquias sociais, institutos religiosos, confrarias, irmandades e IPSS.

"As instituições religiosas têm que pagar as suas contas e o lucro não é para reter, mas para reinvestir na sua actividade", disse António Pimenta Brito, lembrando que em países como os Estados Unidos, as paróquias são geridas como verdadeiras empresas.

O responsável adianta ainda que nos seminários não existe nenhuma disciplina de gestão, apesar de muitos padres virem depois a gerir grandes instituições religiosas com actividade social e comercial.

António Pimenta Brito sustenta que a "doutrina social da Igreja valoriza a autonomia e não a subsidiodependência" e não vê qualquer problema em que as instituições procurem formas diversificadas e criativas de financiamento.