O sonho da Grande Albânia

O desejo de juntar num só território a população albanesa ainda está bem vivo.

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Há muitos albaneses a quererem uma Grande Albânia STRINGER/AFP

O mais perto que os albaneses estiveram de realizar o seu sonho de uma Grande Albânia foi às mãos de Benito Mussolini. Depois de estabelecido o protectorado da Albânia em 1939, governado pelo Partido Fascista Albanês, foi o ditador italiano que desenhou um território que abarcava quase todas as populações albanesas numa Europa que se preparava para entrar na II Guerra Mundial. Com a ocupação alemã, as fronteiras da Grande Albânia mantiveram-se. Os albaneses estavam unidos, mas também estavam em guerra outra vez e subjugados ao poder do III Reich.

Não seria bem isto que os independentistas da Liga de Prizren tinham em mente: o movimento, fundado em 1887 na localidade de Prizren, no Kosovo, tinha por objectivo conseguir a autonomia cultural e política. A independência da Albânia acabaria por chegar depois do fim do Império Otomano e das guerras balcânicas, no ano de 1913, mas as linhas das fronteiras que foram então desenhadas ignoraram a distribuição demográfica da altura. Mussolini e Hitler uniram aquilo que não estava unido, mas os aliados no fim da II Guerra restabeleceram as fronteiras originais da Albânia, que assim recuperou a independência, deixando de fora milhões de albaneses.

Actualmente, cerca de um terço da população albanesa vive fora das fronteiras da Albânia, espalhando-se pelo Kosovo, Macedónia, Sérvia, Montenegro e Grécia. Uma sondagem realizada em 2010 pela Gallup mostrou que 62% dos inquiridos na Albânia apoiavam a formação de uma Grande Albânia. A percentagem subia para 81% no Kosovo e ficava-se pelos 51,9% entre os albaneses da Macedónia. A mesma sondagem também mostrava que a maioria dos inquiridos duvidava da possibilidade de uma união dos albaneses num futuro mais ou menos próximo.

Mas a ideia da Grande Albânia continua a ser muito popular entre as populações locais. Partidos mais radicais sem grande representatividade mantém o sonho vivo, mas na Albânia (que quer aderir à União Europeia) e no Kosovo (que quer reforçar o seu estatuto de país independente, ainda não reconhecido pela Sérvia), os líderes políticos tendem a deixar o sonho de lado. Até porque só traz más recordações, de guerras e ditadores, e acorda velhos demónios nacionalistas que nos Balcãs são particularmente temidos.

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