Câmara de Viana do Castelo culpa Governo por queda de ninho de vespa asiática em escola

Queda de ninho em escola volta a chamar a atenção para uma praga que está a dizimar as abelhas no Minho.

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A vespa asiática transformou-se num praga em Portugal

A queda de um ninho de vespa asiática no pátio da Escola Básica e Secundária de Barroselas, em Viana do Castelo, foi o suficiente para reacender a polémica em torno desta praga que está a afectar a região Norte. Cerca de 600 pessoas tiveram, na manhã desta quarta-feira, de ser evacuadas da escola e um aluno chegou mesmo a ser transportado para o hospital com uma picada na cabeça. O presidente da autarquia, José Maria Costa, reagiu de imediato, lançando duras críticas ao Ministério da Agricultura e do Mar, a quem imputou a culpa do incidente.

“Nós informámos o Ministério várias vezes de que era necessária uma intervenção mais activa sobre o problema. Não só este é um perigo real para a saúde pública, como é também um grave problema económico: estas vespas já destruíram várias dezenas de apiários aqui na região e além da perda para os apicultores, estamos também a pôr em causa a polinização e sem esta, por exemplo, não há fruta. É, por isso, urgente a tomada de medidas, ou então vamos ter um caso sério na Primavera”, avisou

O autarca socialista afirmou ainda que a “ausência total de estratégia” por parte do Ministério da Agricultura e do Mar, “é uma vergonha” e que este é incapaz de resolver um assunto que foi sinalizado há quase dois anos e para o qual andou a “assobiar para o ar”. Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, em declarações ao PÚBLICO, respondeu que “estranha as declarações” do presidente, uma vez que os planos que estão em marcha para o combate desta praga foram acordados com os presidentes de várias autarquias do Alto Minho, e com ele inclusivamente, onde se verifica uma maior ocorrênca desta vespa. 

“Tem havido contactos próximos com as autarquias e foi delineado um plano, entre o Ministério da Agricultura e do Mar e o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, no sentido de clarificar este processo, ou seja: a identificação do problema é uma responsabilidade de todos, mas a monitorização fica a cargo dos órgãos do Estado e a destruição dos ninhos é da responsabilidade da Protecção Civil Municipal”, explica Nuno Vieira e Brito, que aproveitou para desmistificar a picada da vespa asiática, lamentando, porém, o caso do aluno que foi hospitalizado. “O risco de uma picada de uma vespa asiática é idêntico ao de uma vespa normal. Não está, por isso, em causa a segurança do cidadão”.

João Carvalho, chefe do Bombeiros Municipais de Viana do Castelo, garante que o aluno que foi levado para o hospital por precaução, já estando em casa, e que este foi o primeiro caso de queda de um ninho. Desde Novembro de 2012, só em Viana do Castelo, foram referenciados 629 ninhos de vespa asiática ou velutina, como também é conhecida. Segundo dados dos Bombeiros Municipais, já foram exterminados 465 e ainda estão por destruir 164 ninhos. Nesta quarta-feira foram reportados seis novos casos.

“Houve dias em que chegámos a atender mais uma dúzia de pessoas. Geralmente são particulares com dúvidas”, diz João Carvalho, que refere que, em dois anos, já trabalharam 223 horas no combate à praga, mobilizando mais de 600 bombeiros. Mas as maiores queixas ainda são dos apicultores. Alberto Dias, presidente da Associação Apícola de Entre-Minho e Lima, disse ao PÚBLICO que são cada vez mais os apicultores que estão a entrar em colapso por causa do ataque destas vespas. “Um ninho de vespas alimenta-se de meio quilo de abelhas por dia, e como uma colmeia tem cerca de sete ou oito quilos, é só fazer as contas. Há mais 500 apicultores no Alto Minho e todos eles as viram. Há colegas que se queixam que perderam absolutamente tudo.”

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