Centenas de enfermeiros protestaram frente ao Ministério da Saúde

Concentração em frente ao edifício do ministério representou o endurecimento de uma luta que se arrasta há meses.

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A emigração de trabalhadores qualificados, como os enfermeiros, está a aumentar. Nuno Ferreira Santos

Várias centenas de enfermeiros estiveram concentrados desde o início da tarde desta quinta-feira em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, no segundo dia de greve geral em protesto contra a “grave carência” destes profissionais nos hospitais públicos e centros de saúde e contra o estado de exaustão a que muitos dizem ter chegado.

Promovida pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), a concentração representou o endurecimento de uma luta que se arrasta desde há meses, com sucessivas paralisações sectoriais em hospitais e agrupamentos de centros de saúde e, agora, com uma greve nacional de dois dias. Na Avenida João Crisóstomo, onde se situa o ministério, alguns enfermeiros deitaram-se mesmo no chão, para encenar de forma simbólica o estado de exaustão que afirmam sentir. Ouviram-se palavras de ordem e críticas duras ao ministro da Saúde.

Duas horas após o início dos protestos, os manifestantes preparavam-se para entregar uma resolução em que reclamam a resposta a todas as suas reivindicações, que incluem o regresso às 35 horas semanais e a reposição do valor das horas suplementares nocturas.  Guadalupe Simões, do SEP, admitiu ao PÚBLICO que todas estas formas de luta poderiam ter sido evitadas se o ministro da Saúde cedesse e apresentasse um plano de contratações de curto e médio prazo, de forma a suprir as lacunas abertas devido ao ritmo acelerado de saída  de profissionais nos últimos anos, entre aposentações e idas para o estrangeiro. Só estas saídas, estima, ascenderão a cerca de 4 500.

Se, no primeiro dia de greve, os dirigentes sindicais estimaram a adesão à greve em 83,5%, a nível nacional, esta quinta-feira Guadalupe Simões adiantava que no turno da noite esta se elevara para 87,3% e, no turno da manhã, baixara para 82,5%. São números que o Ministério da Saúde se apressou a apedlidar de "fantasiosos", remetendo a apresentação dos dados rigorosos da adesão para um período posterior ao processamento de salários.

Numa nota enviada através da Administração Central do Sistema de Saúde, o ministério recordou, aliás, que na segunda-feira se comprometeu, numa reunião com a comissão negociadora sindical dos enfermeiros, a abrir 1700 vagas que serão preenchidas até ao final de Outubro de 2015. A estas vagas acrescem as autorizações dadas já durante este ano, e que ainda aguardam luz verde, para a contratação de um número superior a mais mil profissionais, acrescentou.

“Estes números não são reais, porque há concursos de 2010 e 2013 ainda por concluir, por terem sido impugnados”, retorque Guadalupe Simões. Após as greves sectoriais de Agosto, foram autorizadas 585 contratações que estavam bloqueadas no Ministério das Finanças há dois anos e há ainda 344 pendentes, pelo que o ministério "diz que vai admitir mil porque está a contar com estes”, critica.

Nas contas feitas pelos dirigentes do SEP, serão necessários muito mais enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde: mais de 25 mil, 19 mil dos quais nos hospitais. Actualmente trabalham nos hospitais públicos e centros de saúde cerca de 39 mil enfermeiros.

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