INEM tem equipas específicas e material de protecção elevado

Três hospitais portugueses receberão eventuais casos suspeitos de infecção pelo vírus do ébola que cheguem ao país.

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Hospital na Grã-Bretanha, que exemplifica o tipo de preparação para o vírus do ébola Leon Neal/AFP

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem equipas específicas e material com um grau de protecção elevado para actuar no socorro e transporte de casos suspeitos de infecção pelo vírus do ébola até aos hospitais de referência.

Sempre que este instituto for chamado a socorrer um indivíduo suspeito de estar infectado com o vírus do ébola, serão equipas especializadas a actuar, que receberam uma formação específica, disse fonte do INEM à agência Lusa.

Na última quinta-feira, todos os colaboradores do INEM receberam novamente informação sobre o vírus do ébola — que levou esta sexta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar o estado de “emergência de saúde pública de âmbito internacional” —, nomeadamente sobre os sinais e sintomas que a infecção provoca, bem como as formas de actuar.

Além da constituição de equipas especializadas e da formação específica, o INEM adquiriu material com um grau de protecção superior, que será usado em casos suspeitos de infecção.

O INEM actuará no socorro a casos suspeitos e no seu transporte para os hospitais definidos para atender estes casos, que em Lisboa é o Curry Cabral e o Dona Estefânia e, no Porto, o São João.

Carlos Alves, infecciologista e coordenador da Unidade de Prevenção e Controlo de Infecção do Hospital de São João, disse à Lusa que o facto de a OMS ter decretado o estado de emergência mundial de saúde pública não obriga a alterações dos procedimentos daquela unidade hospitalar. “O nosso plano estava estabelecido, continua com os mesmos parâmetros para responder a casos suspeitos ou de doença”, disse o infecciologista de um dos três hospitais de referência em Portugal.

Desde Março que o Hospital de São João tem vindo a preparar-se para responder a uma eventual procura de casos suspeitos ou de doença, tendo adquirido para tal algum material de protecção. Carlos Alves considera que o hospital está preparado para responder a eventuais casos suspeitos ou de doença pelo vírus do ébola, nomeadamente ao nível do tratamento de suporte que pode ser oferecido a estes doentes e que pode “fazer a diferença entre a vida e a morte”. “Infelizmente não há um medicamento específico para a doença”, lamentou.

Para este infecciologista, a declaração de estado de emergência mundial de saúde pública pela OMS significa que quem está no terreno vai dando indicações de que há a probabilidade dos casos aumentarem.

Neste surto, que é o pior de sempre do vírus do ébola desde a sua detecção, em 1976, a epidemia já matou 932 pessoas e infectou mais de 1700 nos quatro países atingidos – Libéria, Serra Leoa, Guiné-Conacri e Nigéria. O surto começou em Dezembro de 2013 na Guiné-Conacri, espalhando-se depois para os outros países africanos. O vírus transmite-se por contacto directo com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados.

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