Prémio Calouste Gulbenkian 2014 distingue Comunidade de Santo Egídio

O prémio é atribuído a uma instituição ou a uma pessoa, portuguesa ou estrangeira, que se tenha distinguido na defesa dos valores essenciais da condição humana.

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Este ano, o júri foi presidido por Jorge Sampaio Miguel Manso (arquivo)

A Comunidade de Santo Egídio, dedicada ao serviço dos mais pobres, da paz e do diálogo inter-religioso, foi distinguida com o Prémio Calouste Gulbenkian 2014, no valor de 250 mil euros, anunciou esta terça-feira a instituição. O Prémio Calouste Gulbenkian é atribuído a uma instituição ou a uma pessoa, portuguesa ou estrangeira, que se tenha distinguido na defesa dos valores essenciais da condição humana. Este ano, o júri, presidido por Jorge Sampaio, elegeu como vencedor o movimento católico, fundado em Roma, em 1968, por Andrea Riccardi, entre as cerca de seis dezenas de nomeações recebidas.

Também conhecida como a "pequena ONU do Trastevere", bairro romano onde se situa a sua sede, a comunidade é uma organização não-governamental que agrega cerca de 60 mil leigos em mais de 70 países do mundo. Estas pessoas dedicam-se a promover "o diálogo ecuménico e apoiar, a título voluntário, pessoas sem-abrigo, idosos, presidiários (especialmente condenados à morte), deficientes, vítimas de guerras e imigrantes", refere a Fundação Calouste Gulbenkian em comunicado.

Segundo a fundação, o movimento tem-se distinguido pelo apoio aos menos favorecidos e pelos esforços para alcançar a paz no mundo, através da mediação em conflitos e do diálogo inter-religioso. Desenvolve iniciativas de cooperação e desenvolvimento em muitos países de África, América Latina e Ásia e em 1992 contribuiu decisivamente para o tratado de paz que acabou com a guerra civil em Moçambique, sublinha a instituição.

Este ano tem estado presente em várias áreas de conflito, apoiando os esforços de diálogo para promover a paz em países como a Guatemala, o Burundi, a Argélia, o Darfur, a Costa do Marfim, a República Centro-Africana e a região do Grandes Lagos, entre outros locais.

Cerca de um terço dos membros da comunidade vive em África ou nos países do hemisfério Sul. Nos países lusófonos bem como noutros países de África subsariana, a comunidade actua fundamentalmente através do programa DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition), um do mais eficazes programas de combate à sida e à malnutrição, e através da campanha "Bravo", que visa registar a população, contribuindo para acabar com o número exorbitante de "crianças invisíveis" em África.

A cerimónia de entrega do prémio decorrerá na segunda-feira, na sede da instituição, e conta com a presença do presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, de Jorge Sampaio, e do presidente da Comunidade de Santo Egídio, Marco Impagliazzo.

O Prémio Calouste Gulbenkian foi atribuído pela primeira vez em 2012 à West-Eastern Divan Orchestra, a formação liderada por Daniel Barenboim, e no ano seguinte à Biblioteca de Alexandria. O júri é constituído por Jorge Sampaio (Presidente), Vartan Gregorian (Carnegie Corporation, EUA), Comandante Pedro Pires (antigo presidente da República de Cabo Verde), a Princesa Rym Ali da Jordânia (fundadora Jordan Media Institute), António Nóvoa (Reitor Universidade de Lisboa) e Mónica Bettencourt-Dias (investigadora Instituto Gulbenkian de Ciência).

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