Infarmed admite reacções adversas graves em 265 doentes durante ensaios clínicos

Casos ocorreram entre 2009 e 2013, período em que foram aprovados 473 estudos com fármacos experimentais

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Apesar dos casos ocorridos, Infarmed considera que não se justifica aumentar níveis de protecção Daniel Rocha

A autoridade reguladora dos ensaios clínicos admite que 265 doentes morreram ou foram gravemente afectados durante experiências com novos medicamentos, mas garante que a segurança, dignidade e o bem-estar dos participantes estão protegidos, embora possam ocorrer reacções adversas.

O esclarecimento do Infarmed foi avançado à agência Lusa a propósito da notícia que está a ser difundida pelo site de informação multimédia dedicado aos temas de saúde "Substância Activa", segundo o qual "265 doentes morreram, correram risco de vida, foram hospitalizados ou tiveram sérios problemas de saúde enquanto participavam em experiências com novos medicamentos".

No entanto, o Infarmed considera que não há necessidade de reforçar os níveis de protecção dos participantes em ensaios clínicos, pois estes emanam de uma legislação europeia que é "muito recente".
De acordo com o site, "em Portugal quase todos os estudos são feitos com doentes e financiados pela indústria farmacêutica". 
Tendo em conta que, entre 2009 e 2013, foram aprovados 473 novos estudos com fármacos experimentais, o site avança que "seriam necessários 13.280 doentes".
O "Substância Activa" refere que "o Infarmed recebeu 265 notificações de suspeitas de reacções adversas graves inesperadas, entre 2009 e 2013", e que "há casos de morte".
"Na maior parte dos casos são pessoas que correram risco de vida, tiveram de ser hospitalizadas, ficaram internadas além do previsto ou viveram situações clinicamente relevantes", lê-se na notícia.
À Lusa, o Infarmed sublinhou que "a protecção dos direitos, segurança, dignidade e bem-estar dos participantes em ensaios clínicos está assegurada por um controlo independente e conforme o sistema europeu em que Portugal se insere, assente na avaliação e supervisão permanente por parte do Infarmed e da Comissão de Ética para a Avaliação Clínica (CEIC)".
Este organismo avança que "não está identificada a necessidade de reforço destes níveis de protecção dos cidadãos europeus participantes em ensaios clínicos, vigorando a legislação europeia muito recente".
No decorrer do ensaio clínico, o Infarmed monitoriza a segurança da utilização da medicação experimental com base na análise da informação de segurança que recebe e na qual se incluem as suspeitas de reacções adversas graves inesperadas, relatórios anuais de segurança e outra informação de segurança, acrescenta.
"A actuação face à informação recebida dependerá da análise da situação em concreto (caso a caso) e da verificação da manutenção ou alteração da relação benefício-risco favorável à realização do ensaio clínico, que fundamentou a respectiva autorização, e que tem sempre como prioridade a protecção da segurança dos participantes, sendo obrigatório o seu consentimento, devidamente informado e escrito".
Sobre os eventos adversos mais comuns, a autoridade que regula o sector diz que estes "dependem de vários fatores associados ao tipo de medicamento experimental e à população envolvida no estudo, que no universo de ensaios clínicos em Portugal (como em qualquer outro país) é extremamente heterogéneo, envolvendo voluntários, tanto saudáveis como doentes - estes últimos com patologias, estadios de evolução e prognósticos completamente distintos".

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