Uma bolha dentro de um donut frente ao Congresso dos EUA

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Os autores descrevem-na como “arquitectura de ar”, que vai “produzir um edifício macio dentro de um duro”.

Um objecto insuflável não identificado dominará o céu de Washington mesmo junto ao National Mall, encimado pelo sisudo Congresso dos EUA. A ameaça não é iminente: falta mais de um ano para que a bolha se encha de ar e suba 40 metros no céu da capital dos EUA para pôr uma vez mais o atelier de arquitectos nova-iorquinos Diller Scofidio + Renfro nas alturas. Depois do High Line Park de Manhattan, estrutura que aproveita a antiga linha férrea que sulca a face Oeste da ilha e que se tornou num dos mais recentes ícones da cidade dos arranha-céus, cabe à dupla ser a cereja no topo do museu de arte contemporânea Hirshhorn. E, no fundo, no topo do seu bolo de aniversário – no Outono de 2014 a instituição cumpre 40 anos e a festa insuflável durará dois meses, para respeitar as leis de urbanismo de Washington. Um mês na Primavera, outro no Outono.

Vamos a factos: a estrutura será em PVC, terá 40 metros de altura e uma resistência a ventos com velocidades até 130 km/h, ficando no centro oco do edifício circular e moderno de Gordon Bunshaft que alberga o Hirshhorn; a festa custará 12,5 milhões de dólares, financiados por investidores privados; os autores descrevem-na como “arquitectura de ar”, que vai “produzir um edifício macio dentro de um duro”. Uma bolha de plástico num donut de cimento.

“Um tipo de espaço público radicalmente diferente” que se distancia do “ambiente convencional de um auditório”, como descreve a instituição em comunicado, mas que também o será – um auditório, isto é. A ideia é utilizar o espaço criado pelos Scofidio + Renfro como uma bolha de pensamento – um laboratório mundial de ideias, como disse à agência AFP o director do museu, Richard Koshalek. O plano é acolher pensadores do mundo inteiro para um “centro de diálogo criativo” que deve funcionar como um Fórum de Davos da cultura, complementando a oferta de Washington – digamos que na cidade há “500 grupos de reflexão [e think-tanks] diferentes e nem um para a cultura”, enfatiza Richard Koshalek, fazendo eco das suas próprias e exactas palavras ao Art Newspaper há um ano. Para começar, vão-se trabalhar temas como a diplomacia cultural ou o papel das mulheres no mundo, sempre com a arte contemporânea como pano de fundo.

Detalhe – o museu diz em comunicado que aqui não haverá a divisão conferencistas

audiência. A ideia é “tratar oradores e público como participantes iguais”.

Desde 2009 que Richard Koshalek tem este plano de criar uma Estrutura Insuflável Sazonal para acolher debates, mas também exposições ou projecções, sempre com a ideia de reformular a utilização do seu espaço público. Ao longo dos anos tem falado nela, mas a concretização do plano estava a prolongar-se e agora foi firmada a data – fins de 2014 – para a execução do projecto da bolha do museu do Instituto Smithsonian.

 

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