O Paraíso de Michelangelo Pistoletto vai estar no meio de nós

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Os estudantes de Belas Artes do Porto poderão inscrever-se (até ao fim de Maio) no projecto de Pistoletto para a Capital Europeia da Cultura Nelson Garrido

Esta figura patriarcal de 78 anos, que marcou a arte europeia da segunda metade do século XX e integrou o movimento Arte Povera, exortou os estudantes da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto a entrarem no projecto artístico a que se tem dedicado nos últimos anos

Na quinta-feira passada, Michelangelo Pistoletto (Biella, 1933) deslocou-se à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) para apresentar aos alunos o seu projecto Terzo Paradiso (Terceiro Paraíso, 2005), com que vai participar, no final do ano, em Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura.

Esta figura patriarcal de 78 anos, que marcou a arte europeia da segunda metade do século XX e integrou o movimento Arte Povera, exortou os estudantes da FBAUP a entrarem no projecto artístico a que se tem dedicado nos últimos anos, e que apresentou como uma nova via para a arte de intervenção. "Temos de criar uma civilização da arte e não apenas uma arte da cidade", disse Pistoletto, que definiu ainda Terzo Paradiso como um programa de "civilização inclusiva" e um apelo à responsabilidade colectiva. "A arte é subjectiva e individual, mas tem de ser também um comprometimento com a sociedade e com o planeta", notou o autor de Vénus dos Trapos (1967), uma escultura-instalação do tempo do seu envolvimento com a Arte Povera, em que associava a linguagem do academismo a novos materiais e novas formas de expressão.

Os estudantes de Belas Artes do Porto poderão inscrever-se, até ao fim de Maio, neste projecto de Pistoletto para a Capital Europeia da Cultura. Em Junho serão anunciados os alunos (mais de três dezenas) seleccionados para o projecto, cujo trabalho de campo começará em Setembro.

Gabriela Vaz-Pinheiro, comissária do pelouro Arte e Arquitectura de Guimarães 2012 a quem coube fazer a apresentação de Pistoletto na FBAUP, explicou que a intervenção se concretizará em dois momentos em Dezembro. O primeiro passará pela colocação de sete mesas comunitárias - representando os mares Mediterrâneo, Vermelho, Negro, Báltico, das Caraíbas, da China e do Leste - em espaços públicos da cidade, e culminará com um encontro no dia 8, na fábrica ASA; o próprio Pistoletto anunciou como data do segundo momento 21 de Dezembro, a que chamou "o dia da celebração do Renascimento".

O projecto Terzo Paradiso foi apresentado pela primeira vez na Bienal de Arte de Veneza de 2005. É simbolizado por uma figura construída a partir do símbolo de infinito. "Acrescentei-lhe um terceiro círculo, que faz a combinação dos outros dois como um campo eléctrico que liga os dois pólos", explicou Pistoletto na "lição" que deu na FBAUP - que o homenageou com a medalha de honra da Escola -, e em que passou em revista a sua carreira desde que, aos 14 anos, fez o seu primeiro auto-retrato. "O espelho que utilizei foi o instrumento do meu primeiro contacto comigo mesmo e com a arte", recordou.

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