Banco Alimentar: 2013 foi um ano muito difícil

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Apoio da Comissão Europeia ajuda os bancos alimentares Rui Gaudêncio

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, Isabel Jonet, reconheceu nesta quinta-feira que "2013 foi um ano muito difícil" para estas organizações, mas revelou que as doações da indústria estão a aumentar este ano.

"2013 foi um ano muito difícil para os bancos alimentares porque houve bastante menos doações da indústria e foi um mau ano do ponto de vista agrícola, com muito menos retiradas de frutas e legumes", disse Isabel Jonet, que falava à Lusa a propósito da recolha de alimentos que vai decorrer no fim-de-semana. Por outro lado, explicou, também se "alterou radicalmente" o Programa Comunitário de Apoio Alimentar a Carenciados que terminou em 2013.

Mas, segundo a responsável, este ano a situação está a inverter-se: "Temos um acréscimo das doações, o que demonstra alguma retoma da economia, há mais excedentes e o ano agrícola tem sido muito bom", tendo aumentado as doações de fruta nos três primeiros meses do ano. "Parece-nos que em 2014, apesar de tudo, temos mais capacidade de dar resposta aos pedidos das instituições", sustentou.

Ao mesmo tempo que as doações baixaram no ano passado, aumentaram os pedidos de ajuda das instituições que apoiam os carenciados. Segundo dados da federação dos bancos alimentares, foram apoiadas, no ano passado, 2254 instituições, que entregaram produtos alimentares a mais de 375 mil pessoas. No total, foram distribuídas 23.811 toneladas de alimentos (com o valor estimado de 33.935 milhões de euros), uma média diária de 95 toneladas por dia útil.

"Aquilo que as instituições no terreno dão nota é que 2013 foi um ano em que se assistiu ao fim de muitos subsídios de desemprego", o que levou as pessoas a ficarem numa situação ainda mais difícil, disse Isabel Jonet.
Em Portugal, há um milhão de idosos que vive com menos de 270 euros por mês, o que corresponde a 10% da população, acrescendo agora a esta situação "a classe média baixa que, com o desemprego, ficou em situação de quase ruptura". "Claro que estas situações tendem a agravar-se enquanto a máquina da economia não se puser outra vez em marcha e enquanto não houver emprego que permita um salário regular e adequado", advertiu.

Para contornar estas dificuldades, o Banco Alimentar tem procurado "ter ideias e projectos inovadores" para conseguir colocar os produtos alimentares básicos na mesa dos portugueses. Isabel Jonet deu como exemplo a campanha "Papel por alimentos", que no ano passado recolheu 6000 toneladas de papel, que permitiu comprar o equivalente a 600 mil euros em produtos alimentares básicos (leite, atum, salsichas, arroz).

As campanhas na Internet também têm ajudado, assim como "um conjunto de desafios" que o Banco Alimentar tem lançado à indústria e às cadeias de distribuição para que "entreguem produtos com maior regularidade" para poder ir ao encontro das necessidades das instituições.

O Banco Alimentar realiza no próximo fim-de-semana uma campanha de recolha de alimentos, com a qual "pretende mostrar que é possível recorrer a receitas simples para acudir a problemas graves e emergentes que afectam muitas famílias portuguesas a braços com carências alimentares".

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