CMP pede “bom senso” e rejeita afixação de cartazes de propaganda em mobiliário urbano

Polémico regulamento da propaganda está suspenso, mas ainda recentemente os serviços municipais retiraram cartazes da CDU com base naquele código que foi considerado inconstitucional.

Foto
Manuel Gonçalves está com o mandato de vereador na câmara do Porto suspenso Paulo Ricca

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, pediu na noite de segunda-feira “bom senso” aos partidos na Assembleia Municipal do Porto na preparação do futuro regulamento municipal sobre a propaganda política. O actual código regulamentar está suspenso após vários anos de polémica sendo criticado por alguns partidos, nomeadamente CDU e BE, que viam a sua propaganda retirada das ruas com base nos seus artigos.

Algumas alíneas do regulamento chegaram a ser colocadas em causa pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), Tribunal Constitucional (TC) e pelo Provedor da Justiça. O TC julgou aquele regulamento inconstitucional no final do ano passado por este definir zonas da cidade em que a colocação de propaganda era proibida.

“Desde que aqui cheguei que manifestei a minha incomodidade com o regulamento. Sendo legal ou ilegal, parece-me que lhe falta algo”, disse o autarca independente, apoiado pelo CDS-PP, durante a reunião da assembleia que aprovou por unanimidade a sua suspensão.

Rui Moreira já havia anunciado a suspensão do código semanas antes, também durante uma assembleia municipal, mas recentemente durante a campanha para as eleições europeias, os serviços municipais retiraram cartazes da CDU ainda com base no regulamento.

"Esperamos que tenha chegado ao fim uma fase de contradição entre o que se diz e o que se faz", comentou Artur Ribeiro, da CDU. Já Rui Moreira sublinhou que a CMP pediu um estudo jurídico no âmbito da elaboração do novo código, mas admitiu que aquele “não é suficiente”, pelo que decidiu pedir exemplares de códigos semelhantes a outros municípios com centros históricos, como é o caso de Évora.

O autarca fez ainda questão de salientar que nem tudo será permitido. “Isto não será possível. Isto não é exemplar”, disse exibindo fotos de cartazes colados em mobiliários urbano. Moreira lamentou ainda que “na rotunda AEP” tenha sido “usado cimento para sustentar um cartaz”.

O presidente da CMP aproveitou ainda o debate para criticar a Comissão Nacional de Eleições (CNE) por esta alegadamente ter tomado posição contra a autarquia na sequência de mais uma querela pela retirada de cartazes.

"As funções da CNE deviam estar num departamento do Tribunal Constitucional. A CNE é um órgão inútil e que não trata os eleitos de forma devida", disse Moreira que recordou que aquela comissão “custa quatro milhões por ano”. Aliás, o autarca lembrou que a CNE “acusou outro candidato [Luís Filipe Menezes, PSD] da prática de ilegalidades, mas até agora não se soube de mais nada”.

Sugerir correcção
Comentar