Pessoas, Comissão e economia 4.0 no mesmo dia socialista

Seguro foi a quase todas e Assis foi atrás. Um dia atípico com pescadores, empresários e reformados para tentar mostrar que as políticas nacional e europeia “estão interligadas”.

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Seguro andou a ver o peixe na lota da Figueira da Foz Miguel Nogueira

O dia também teve os repetidos apelos ao voto útil, a defesa do combate político por “uma outra Europa” e os ataques ao “Governo extremista” de Passos Coelho. Mas a campanha socialista, no distrito de Coimbra, teve algo mais ontem.

A volta eleitoral teve mais pele, outras pessoas dentro, porque teve também o secretário-geral socialista a chegar-se à frente no “contacto com as pessoas”. A estratégia foi montada para isso mesmo: uma lota, uma feira e um lar de idosos.

Foi no lar que a estratégia melhor funcionou. António Lopes “soube da vinda” dos socialistas e aproveitou para, de voz embargada, “desabafar”. No espaço de dois anos a sua “pequena empresa” de madeiras passara de “19 para sete empregados”. “O meu trabalho, agora, é mandar pessoas embora e arranjar dinheiro para lhes pagar as indemnizações.” Por culpa “daqueles malditos” do Governo.

Momentos antes, o mestre Gabriel garantia que não percebia porque é que, depois “trabalhar honradamente” no mar desde os 15 anos, estava a “pagar as favas” do que tinha “acontecido ao país”. “A minha reforma é boa, é verdade, mas não a roubei a ninguém”, protestava perante Assis e Seguro. E pedia a “varridela” daqueles “autênticos mentirosos” do Governo.

No lar, a culpa era apenas do Governo de Passos Coelho. A revolta encaixava na perfeição na retórica do PS. A do mestre Alcino, então, tocou todos os pontos das críticas socialistas ao Governo.

E Seguro aproveitou. A “varridela” podiam os portugueses fazê-la “acontecer no dia 25 de Maio”. O caso de Lopes era mais um “exemplo” de como a política de austeridade levava os portugueses “à pobreza”. Os cortes nas pensões, acrescentou Assis, minava “o princípio de confiança”. Como não estava tão à vontade como o líder naquele ambiente com pessoas dentro, onde Seguro deixou “uma mensagem de esperança”, Assis apenas conseguiu sair-se com um: “Que sejam felizes neste sítio tão agradável.”

Na lota a apostar na reindustrialização
Na lota da Figueira da Foz, logo pela manhã, colar o discurso ao “contacto com as pessoas” foi mais difícil. Mas lá se fez. Quando um pescador disse a Seguro que estava na faina porque perdera o emprego na Celpi, fábrica de celulose, onde até gostava de ter ficado, este aproveitou para explicar que tinha um plano.

“Vamos trabalhar para que as pessoas possam trabalhar onde gostarem”, garantiu Seguro ao pescador. "O PS tem um programa de reindustrialização do país denominado 4.0. Esse nosso programa abrange todos os sectores de actividade. Queremos criar mais oportunidades de trabalho", acrescentou o líder do PS.

Os “contactos” serviam os propósitos. Sem haver entusiasmo em relação a Seguro ou Assis – e apesar de haver quem, na lota, ao ver a comitiva, se afastasse a dizer não querer “nada com ninguém” –, também não transpirou hostilidade.

Mas o dia deu para mostrar que a Europa chegava a todo o lado e a todas as pessoas e que era isso que o Governo não percebia. “Eles não percebem que as coisas estão interligadas, que as políticas têm de estar interligadas”, disse Seguro aos 300 apoiantes em Soure, onde não conseguiu visitar a feira. “Não há um programa para Portugal e um programa para a Europa. Há um programa único do PS”, assegurava. 

No fundo, até mesmo no seio do partido se percebiam as limitações. Mário Jorge Nunes, autarca de Soure, resumiu-o ao almoço. “Podem não ser os mais mediáticos, podem não ser os mais cativantes, não estão em todas as capas de revista, mas são os mais sérios”, garantiu de Assis e Seguro.
 

  

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