Voltem as máquinas

Não é todos os dias que recomendo um artigo do East Bay Express. Deve ser por causa da hilariante excelência da série Silicon Valley de Mike Judge.

A julgar pela reportagem (grátis online) de Brian Awehali, com o título Slow Type, muitos hipsters estão a comprar máquinas de escrever manuais. As Olympia são os Mercedes e as Olivetti são os Alfa-Romeos. Mas também há pessoas que usam computadores e canetas de tinta permanente que estão a descobrir os prazeres das máquinas de escrever mecânicas.

Comecei a escrever à mão, mas passei para uma Olivetti Lettera 32 aos 13 anos. Escrevi muitos contos, ensaios e crónicas nessa máquina, durante muitas directas e noites e dias normais.

Já escrevia em jornais quando comprei uma Olympia Monica que é a melhor máquina de escrever que conheci. Nunca avariou. Passei depois para as máquinas eléctricas – muito, muito melhores, já que apagavam automaticamente. Cheira-me que será essa a próxima moda: comprem-nas enquanto ainda são baratas.

A IBM Selectric é ideal para escrever prosa. Tem todas as atracções das máquinas mecânicas (o barulho, a solidez) sem nenhuma das desvantagens (a poeira e a chatice para corrigir). Melhor ainda é a máquina de escrever electrónica da Rank Xerox: a 610, que usava uma "margarida" de letras em vez da "bola de golfe" da IBM.

Tem também uma página inteira de memória. Pesa uma tonelada, mas é a máquina de escrever que mais convém a quem tenha todas as outras, incluindo a caneta.

 

 

 

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