Cidadãos com deficiência mental prestam serviços à comunidade na Póvoa de Varzim

Lavagem de carros, lavandaria, tecelagem, culinária e hortofloricultura são alguns serviços prestados por esta instituição.

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Fernando veludo

O MAPADI, instituição de ensino e apoio a cidadãos com deficiência mental sediada na Póvoa de Varzim, está apostar num inovador projecto de prestação de serviços à comunidade.

A intenção é formar e integrar os seus utentes no mundo de trabalho, mas também conseguir angariar mais algumas receitas para a sustentabilidade da organização, tornando-a menos dependente dos subsídios estatais. <_o3a_p>

Lavagem de carros, lavandaria, tecelagem, culinária e hortofloricultura são alguns serviços que esta instituição, criada em Novembro de 1976 e que apoia mais de 200 utentes, está a disponibilizar, com preços acessíveis, e que tem despertado o interesse de particulares, empresas e até autarquias. "Criámos uma estrutura para os utentes na parte profissional, dando resposta às necessidades do cidadão com deficiência após a escolaridade, permitindo potenciar as suas capacidades para poderem, depois, ser integrados no mundo do trabalho", disse António Ramalho, presidente do MAPADI [Movimento de Apoio de Pais e Amigos ao Diminuído Intelectual]. <_o3a_p>

Em 2010 surgiu, segundo o dirigente, o programa Emprego Protegido que desencadeou este projecto. "Quando não conseguimos a integração destes jovens no mercado de trabalho, inserimo-los no Emprego Protegido, em duas áreas características da Póvoa de Varzim: a lavandaria industrial e a hortofloricultura, porque somos uma região rural e ao mesmo tempo turística". <_o3a_p>

Daí passaram para uma vertente culinária, apelidada BocaDoce, um serviço que ocupa cinco utentes, que surgiu em 2012, e que, segundo António Ramalho "permitiu criar uma estrutura de apoio ao Centro de Actividades Ocupacionais, para ocupar os nossos cidadãos com deficiência na área da produção de biscoitos e compotas e esperamos alargar a outras áreas". <_o3a_p>

Os produtos são vendidos na instituição e Eunice Neves, coordenadora do projecto, realçou que o objectivo é "o crescimento pessoal e social, mas que a grande motivação é execução e venda dos produtos". <_o3a_p>

Quanto à lavandaria, a coordenadora desta valência, Lígia Rajão, realçou que a instituição faz trabalhos para o exterior, dando como exemplo empresas de restauração, hotelaria, clínicas de reabilitação, lares e alguns particulares do concelho. "Fazemos todo o tipo de serviços, e todos podem trazer aqui os seus artigos. Por semana, processamos cerca de 600 quilos de roupa, e tempos capacidade e interesse em aumentar", contou. <_o3a_p>

Na hortofloricultura, são cultivados vários produtos, desde cebolas, alfaces, alho francês, brócolos, além de frutos, que são, depois, vendidos em mercados ou na loja na sede da instituição. <_o3a_p>

A recente aposta passa por serviços de jardinagem que podem ser contratados para domicílios e empresas. Neste âmbito, os utentes do MAPADI já tratam dos jardins da biblioteca municipal. <_o3a_p>

Já o serviço de lavagem de viaturas será em breve aumentado e com melhores acessos. As obras serão apoiadas pela Câmara Municipal e vão permitir uma maior divulgação junto da comunidade e uma maior capacidade no número de lavagens. <_o3a_p>

Raul Oliveira, coordenador do serviço, partilhou que "principalmente os rapazes gostam muito de trabalhar com os carros. Identificam as marcas e os modelos e tratam das viaturas com muita atenção aos pormenores". <_o3a_p>

Na parte da tecelagem, Helena Castro, psicóloga e coordenadora de formação, lembrou que estes utentes são os únicos na região a trabalharem com os teares artesanais e manterem uma tradição do concelho. "Temos um grupo de jovens que fazem este trabalho, que lhes dá competências para um dia seguirem para o mercado de trabalho". "Fazemos tapeçarias por encomenda. Os clientes podem chegar, escolherem o tamanho, a cor, as malhas, o tipo de tear que querem. É serviço à necessidade das pessoas que nos procuram", acrescentou. <_o3a_p>

A procura por todos estes serviços tem vindo a aumentar, mas para António Ramalho, presidente do MAPADI, a maior satisfação prende-se com a mudança e mentalidades no que diz respeito à problemática da deficiência mental. <_o3a_p>

"O cidadão dito normal que frequenta as nossas instalações acaba por ficar sensibilizado para este tema da deficiência. Conseguimos com isto a inclusão, pois hoje em dia o MAPADI não é visto como um equipamento apenas para deficientes, mas sim para a toda comunidade, que nos trata com muito carinho", concluiu. <_o3a_p><_o3a_p>

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