PS denuncia "intensa e profunda degradação da coesão social"

Vieira da Silva, dirigente do PS e ex-ministro da Segurança Social, destaca o agravamento da "intensidade da pobreza"

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Vieira da Silva, ministro do Trabalho Nuno Ferreira Santos

O dirigente do PS Vieira da Silva responsabilizou esta segunda-feira o Governo PSD/CDS-PP pelo agravamento da pobreza em Portugal, considerando que é fruto do "caminho da austeridade reforçada" e defendeu um novo caminho assente no crescimento económico.

"Estes indicadores não são apenas um alerta. São a confirmação de uma intensa e profunda degradação das condições de equilíbrio e coesão social e são fruto de um caminho errado, da austeridade reforçada em dobro", afirmou Vieira da Silva.

O deputado, membro da Comissão Política Nacional do PS, reagiu aos dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, do INE, divulgados esta segunda-feira, e que mostram que, em 2012, 18,7% da população portuguesa estava em risco de pobreza, mais oito pontos percentuais do que em 2011.

Vieira da Silva sublinhou que os indicadores mostram não só o aumento do número de pessoas em situação de pobreza, mas também um agravamento da "intensidade da pobreza", agravando-se as situações de "privação material severa, que atinge um valor de 11% da população portuguesa".

O dirigente do PS disse que a austeridade aplicada pelo Governo foi "o dobro do que estava no memorando da troika" e defendeu que os resultados do inquérito do INE são também fruto de "um caminho de desvalorização do trabalho" e de "corte nas prestações sociais".

Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que criticou a incoerência do PS nas declarações sobre uma eventual reposição dos níveis de rendimentos, Vieira da Silva contrapôs que o que se verifica "é que a política de austeridade reforçada cada vez mais recebe uma apreciação negativa de múltiplas personalidades da área dos dois partidos" (PSD/CSD-PP). "Sobre as contradições que existem no PS, não creio que o primeiro-ministro esteja em muito boas condições para falar. O que verificamos é que esta política de austeridade reforçada, em dobro, cada vez mais recebe uma apreciação negativa de múltiplas personalidades da área destes dois partidos [da maioria PSD/CDS-PP]", disse.

Vieira da Silva acrescentou que o PS "é um partido naturalmente plural, mas tem, sobre as grandes questões que se colocam à sociedade portuguesa, uma posição bem clara sobre a necessidade de mudar de caminho".

Nesse sentido, sobre a eventual reposição dos níveis salariais, o dirigente socialista disse que a "preocupação do PS é que se inverta o caminho de austeridade reforçada" para "dar espaço para que a economia portuguesa recupere".

"Só recuperando a economia portuguesa é que podemos ter a expectativa de que indicadores como estes [dados do INE] possam ser revertidos e também que um Governo da República tenha uma atenção que não tem tido àqueles mais frágeis da sociedade portuguesa".

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