Leilão de viaturas e guindaste dos ENVC rende quase 120 mil euros

A West Sea comprou o guindaste com 41 anos e que nunca funcionou desde que chegou à empresa no negócio das contrapartidas da construção de dois submarinos na Alemanha.

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O leilão de material dos estaleiros de Viana rendeu cerca de 120 mil euros Paulo Pimenta

A West Sea, a nova subconcessionária dos terrenos e infra-estruturas dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) comprou, esta segunda-feira, em leilão, por 93.500 euro, o guindaste de 466 toneladas colocado à venda no âmbito do processo de liquidação da empresa pública.

Já as 11 viaturas também leiloadas renderam mais de 25 mil euros. Três ex-trabalhadores dos ENVC, entre eles o mais antigo da empresa de construção naval, apresentaram propostas e garantiram a compra. Martinho Cerqueira comprou um Opel Astra por 2.100 euros, após várias licitações, para ficar como ele como recordação.

O leilão do guindaste com 41 anos e que chegou aos ENVC como contrapartida dos submarinos, negociadas em 2004 pelo então ministro da Defesa Paulo Portas, recebeu propostas de 14 empresas ligadas à gestão de resíduos e sucatas. O valor mais baixo apresentado foi de 7.500 euros e o mais elevado, da West Sea, de 83.500 euros. Após quatro lances, cada um de 2.500 euros, a empresa criada pelo grupo Martifer para gerir a subconcessão dos ENVC garantiu a compra por 93.500 euros.

A última palavra cabe agora à administração dos ENVC que tem até 14 de Março para decidir se adjudica a venda pelo preço final proposto.

A Câmara de Viana do Castelo chegou a anunciar a intenção de comprar o guindaste, para resolver a falta de meios de elevação com que se confronta a multinacional alemã Enercon, mas não apresentou proposta. O autarca José Maria Costa desistiu do negócio depois de ter sido informado que estará a ser negociada, entre o Ministério da Defesa, a West Sea e a administração do porto de mar da cidade outra solução para responder às necessidades da Enercon.

“Este processo serviu para colocar as diversas entidades a dialogar e a encontrar soluções que beneficiem a Enercon e a West Sea”, sustentou.

Há mais de dois anos que a Enercon, a maior exportadora do Alto Minho, com cerca de 200 milhões de euros em 2013, o equivalente a mais de 70% da produção local, se vem queixando da falta de condições para operar no cais do Bugio, por ausência de meios de elevação. Quando, em 2006, decidiu criar um cluster eólico no concelho, actualmente com cinco fábricas e 1.400 trabalhadores, o grupo alemão justificou a aposta precisamente com as condições propícias para carregar componentes eólicos de grande dimensão, exportados por via marítima através do cais partilhado com os estaleiros.

No entanto, a falta de meios de elevação, na margem direita do rio Lima, obriga à constante deslocação rodoviária da carga para exportação pela cidade até ao porto comercial, na margem esquerda, aumentando os custos com a logística do processo de exportação e limitando o tipo de navios fretados. Na última semana de Fevereiro, a Enercon executou 140 transportes rodoviários para carregar 360 toneladas de componentes eólicos para exportação.

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