PALOP discutem “cooperação estratégica” nas políticas de toxicodepêndia

Conferência na Cidade da Praia, em Cabo Verde, junta representantes dos vários países de língua oficial portuguesa

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Os diferentes países vão trocar experiências de intervenção no domínio da tocodependência Fernando Veludo/NFactos

Pela primeira vez, responsáveis de países de língua portuguesa vão reunir-se numa conferência internacional para discutir o que os separa e o que os une em matéria de políticas de droga.

A 1.ª Conferência Internacional sobre Políticas de Drogas nos PALOP, organizada pelo Governo de cabo Verde e pela APDES, uma organização não-governamental portuguesa, tem um objectivo bem definido: reforçar a “cooperação estratégica” entre estados, organismos internacionais e a sociedade civil. A conferência, na Cidade da Praia, em Cabo Verde, a 15 e 16 deste mês, surge num contexto de alteração das rotas internacionais de tráfico, que atingem com mais impacto os países da costa ocidental africana.

Para José Queiroz, director executivo da APDES , “as recentes redefinições das rotas do tráfico de droga têm trazido aos PALOP novos desafios, colocando-os cada vez mais na esfera da geopolítica mundial e da cooperação internacional”. “É necessário olhar à especificidade de cada território em particular”, prossegue, “traçando diagnósticos e necessidades de intervenção, ao mesmo tempo que se atende à nova realidade das políticas globais de drogas, tendencialmente compreensivas e assentes em evidências de base científica.

A cooperação transnacional e as políticas em cada um dos países e os seus impactos na saúde ou na economia são temas que dominam os plenários das conferências, nas quais participam membros dos governos dos respectivos países, de organismos das Nações Unidas e de especialistas em toxicodependência e HIV, entre os quais José Maria das Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde, Jorge Sampaio, enviado especial do secretário-geral das ONU para a Luta contra a Tuberculose e Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente brasileiro, na sua qualidade de presidente da Comissão Global de Políticas de Droga, é um dos principais participantes (uma intervenção por videoconferência).

A APDES é uma agência criada em Portugal há 10 anos, que se tem vindo a destacar na defesa e aplicação de programas de redução de risco do consumo de drogas. A conferência é co-financiada pela Open Society Foundations, lançada pelo investidor e filantropo George Soros e, segundo José Queiroz, este será o “primeiro de vários encontros a organizar com o intuito de alargar e reforçar a cooperação estratégica entre governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil, no âmbito das políticas de drogas nos PALOP.

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