A perigosa queda de uma barreira

Ao manifestarem-se em São Bento, guardas (à civil) da PSP e GNR conseguiram, com o beneplácito de outros polícias (os que estavam ali para impedir que isso acontecesse), chegar junto das portas do palácio, ocupando uma zona da escadaria que tem estado interdita a todos os outros manifestantes. No calor das declarações à rádio, um deles explicou a ousadia deste modo: “Viemos muitos, estamos aqui e estamos unidos, o Governo virou-nos as costas.” A pergunta é: quantas outras profissões não poderiam dizer o mesmo, com as mesmas palavras? Muitas. E, no entanto, só as forças policiais, a quem compete fazer respeitar a lei e manter a ordem, fizeram o que aos outros é proibido. Essenciais ao país? Muitas outras profissões o são, também. Só que isso não lhes dá o direito de furar barreiras. À polícia, pelos vistos, dá. A mensagem que fica, não para o Governo mas para o povo, é perigosa: de farda, as leis pesam menos. 
 

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