Albuquerque contra “inacção” de Jardim que recusa antecipar o congresso regional

“A actual liderança já não suscita adesão ou credibilidade junto dos madeirenses”, afirma o ex-presidente da Câmara do Funchal, acusado por Jardim de ser um dos “tantos judas” que querem precipitar a sua saída do governo e da liderança do PSD-Madeira.

O único adversário de Alberto João Jardim à liderança do PSD em eleições internas, Miguel Albuquerque, reitera, em carta enviada esta segunda-feira aos militantes do PSD, a necessidade de antecipar o congresso e a eleição interna para Junho do próximo ano.

“Não pactuo com a inacção e ausência de capacidade estratégica da actual liderança, disposta a manter o actual estado de coisas e a entregar – como aconteceu nas autárquicas – o poder regional aos nossos adversários políticos”, reage o ex-presidente da câmara do Funchal, único adversário de Alberto João Jardim em 35 anos, nas eleições internas realizadas há ano com uma surpreendente votação de 51 contra 49%. 

Em resposta a Jardim que, em artigo publicado esta segunda-feira no Jornal da Madeira mostrou-se magoado com “tantos judas” que querem antecipar a sua saída do governo e da liderança do PSD, Albuquerque adverte: "O tempo corre contra o PSD/M. A teimosia da actual liderança, a sua obsessão em adiar o inadiável, contra tudo e contra todos, é uma benesse para os socialistas e os seus aliados”.

Na opinião de Albuquerque, a mensagem das últimas eleições autárquicas – em que perdeu sete das 11 câmaras, 22 juntas de freguesia e cerca de 25.000 votos relativamente ao último sufrágio local - é “muito clara para o PSD/Madeira: Há um tempo histórico que se esgotou. A actual liderança já não suscita adesão ou credibilidade junto dos madeirenses e portosantenses e é imperativo mudar de liderança e de política enquanto é tempo”. “Ou o PSD/M muda rapidamente ou arrisca-se a perder as próximas eleições legislativas regionais”, adverte o ex-presidente do Funchal, na carta que está a distribuir aos militantes, em simultâneo com reuniões pelas localidades da região.

Contra os que, como Albuquerque e Miguel de Sousa, têm defendido a antecipação do congresso para debater a sucessão, Jardim lembra no artigo que “compete aos órgãos estatutários do conselho regional do PSD decidir se terei de antecipar a saída do Governo e da liderança do PSD-Madeira, que tantos judas pretendem agora que seja de uma maneira amarfanhada, esquecendo estes trinta e cinco anos”, escreve.

Jardim reitera “o planeamento” que traçou: realizar eleições para a comissão política regional a 19 de Dezembro de 2014, congresso regional a 10 de Janeiro de 2015 e posse do novo governo regional, apoiado pela actual maioria parlamentar regional, a ser empossado logo nos dias imediatos, “até para a opinião pública ver como governa o novo líder”.

Embora com saída anunciada para Janeiro do próximo ano, Jardim questiona a sua continuidade: “Mas interrogo-me se estarei motivado para continuar a aturar tanta vilania, em Lisboa, na Madeira e em Bruxelas, de futuro continuando num PSD que persistir estar assim, cá e lá. Hoje, perante o panorama europeu e nacional, de capitalismo selvagem e de centralismo, sinto-me 'à esquerda' como nunca estive e já bem na fronteira do independentismo”.

 

 

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