Associação de oficiais sugere extinção do Ministério da Defesa

Oficiais criticam discurso do ministro proferido no Dia do Exército. Sargentos acusam Governo de tentar "colocar portugueses contra as Forças Armadas".

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Ministro vai nesta segunda-feira à tarde ao Parlamento discutir o Orçamento Nuno Ferreira Santos

A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) acusou hoje o ministro José Pedro Aguiar-Branco de “estar obcecado com os cortes cegos” nas Forças Armadas e sugeriu a extinção do Ministério da Defesa Nacional.

“Para fazer cortes como tem vindo a fazer e da forma que tem feito não precisamos de um ministro da Defesa, nem da estrutura que o apoia. O ministro tem uma obsessão pelos cortes com gravíssimas consequências para as Forças Armadas, por isso decidimos denunciar estas atitudes e pedir a extinção do ministério”, disse à agência Lusa o coronel Pereira Cracel, presidente da AOFA.

O responsável sublinhou à Lusa que este pedido surge no dia em que o ministro da Defesa vai ao Parlamento falar sobre o Orçamento do Estado para 2014, adiantando que a AOFA também vai estar nas galerias da Assembleia da República para assistir às declarações do José Pedro Aguiar-Branco.

O coronel Pereira Cracel salientou que, na origem do pedido de extinção do ministério, estão também as declarações de Aguiar-Branco nas comemorações oficiais do Dia do Exército no final de Outubro.

“No Dia do Exército, o ministro da Defesa Nacional sugeriu que cada militar se arvorasse em ministro das Finanças, uma imagem que pretendia fosse de apelo à ‘poupança’, mas que serviu, sim, para avisar os militares de que iam ser ainda mais castigados pelo Orçamento do Estado e pelos diplomas avulsos que se lhe encontram associados na prossecução do objectivo central deste Governo: cortar direitos, remunerações e perspectivas de um futuro minimamente digno”, sublinhou Pereira Cracel.

De acordo com o presidente da AOFA, ao proferir estas declarações, Aguiar-Branco demitiu-se da área que lhe restava: a da gestão dos recursos. “Assim, decidimos sugerir a extinção do Ministério da Defesa”, disse o coronel.

De uma forma não tão contundente, também nesta segunda-feira a  Associação Nacional de Sargentos veio criticar a proposta de Orçamento. A ANS acusou o Governo de tentar iludir os portugueses sobre a efectiva despesa no sector. Contestando a ideia de que a Defesa teria um acréscimo de mais de 6% no Orçamento. “Propositadamente, e com uma clara e condenável intenção, pretende-se passar a imagem de que os orçamentos familiares dos militares ficariam 'folgados' ou 'libertos' dos sacrifícios que estão a ser cega e injustamente aplicados à grande maioria dos cidadãos portugueses”, pode ler-se num comunicado actualizado hoje no site da ANS.

A organização sublinhou que foi no sector das Entidades Públicas Reclassificadas (EPR), “que incluem o Arsenal do Alfeite, S.A., a Empresa de Meios Aéreos, S.A, a Locação de Aeronaves Militares, e a Locação de Equipamentos da Defesa”, que se verificou um verdadeiro aumento da despesa, na ordem dos 220%.  “É preocupante a utilização de meios institucionais para alimentar a repetida e  descarada prática de colocar portugueses contra portugueses, particularmente quando o  objectivo é alimentar a animosidade e/ou incompreensão relativamente às Forças Armadas”, remata o texto.<_o3a_p>
 
 
 
 
 

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