Presidente da CIP diz a Cavaco que eleições seriam prejudiciais para o país

António Saraiva diz que a "confiança" saiu minada e que urge restabelecê-la. Mas com a actual maioria parlamentar.

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António Saraiva, presidente da CIP Daniel Rocha

O actual quadro parlamentar assegura condições de estabilidade e de governabilidade. Foi esta a mensagem política deixada nesta terça-feira por António Saraiva depois de uma audiência com o chefe de Estado, Cavaco Silva.

"No actual quadro parlamentar há soluções para sair desta crise que, com alguma irresponsabilidade, nos colocaram", disse o presidente da Confederação Empresarial de Portugal  (CIP), depois de um encontro de menos de uma hora com Cavaco Silva.

António Saraiva insistiu que a confiança ficou "minada" e que o que importa agora é encontrar uma solução que a devolva às empresas e aos portugueses.

Questionado sobre a solução concertada entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, António Saraiva respondeu que "exigem outras soluções e que esta é uma delas", mas sublinhou a importância de o país não antecipar eleições e ser capaz de encontrar uma resposta governativa na actual moldura parlamentar.

Eleições, neste momento, defendeu António Saraiva, seriam "mais um factor de instabilidade" e mais um contributo para minar essa confiança que é necessário restabelecer rapidamente. "Acho prejudicial irmos para eleições porque somaremos crise à crise. Os nossos problemas resolvem-se com crescimento e com estabilidade. Algo que estaria minado e adiado ainda mais", justificou.

Também os presidentes da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, e da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), João Machado, defenderam que o país deve evitar eleições antecipadas.

"Estamos a viver um momento muito difícil e consideramos que, havendo uma solução que não conhecemos na globalidade, mas que repousa na actual maioria parlamentar, é uma solução que veríamos com bons olhos. Eleições antecipadas seriam uma pior solução para o país", disse João Machado depois da audiência com Cavaco Silva. Também o presidente da CTP considerou que  "tudo o que seja instabilidade política" deve ser evitado, recusando assim um cenário de eleições antecipadas.

"Numa altura em que, há uma semana, começou a nossa época alta, é algo de que nós não precisamos", afirmou Francisco Calheiros. E concluiu: "Queremos um Governo rápido, a funcionar."

Já João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), preferiu não comentar o "xadrez político", frisando apenas que o que é importante é que haja uma mudança de política económica, independentemente do Governo que a execute. Foi esta a mensagem que transmitiu a Cavaco Silva, sublinhando a importância de se reverter a contracção da economia, assim como a pesada carga fiscal sobre as empresas e as famílias.

Cavaco Silva continuou nesta terça-feira a ronda de audições a que decidiu dar início após a crise política que dura há uma semana. De manhã, reuniu-se com delegações do CDS, PS e PSD e durante a tarde recebeu os líderes das confederações patronais. Quarta-feira reúne ainda com os secretários-gerais da CGTP e da UGT. Só depois disto, o Presidente da República deverá anunciar ao país que decisão tomou sobre a remodelação governamental concertada pelos dois parceiros de coligação.
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

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