Aterro em Guimarães parece “inconsistente e mal compactado”

Especialista diz que “não é normal isto acontecer”, mas que não é invulgar construir em leito de cheias.

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A zona de Guimarães onde deslizaram terras na terça-feira parece mal compactada, disse o professor de engenharia Viana da Fonseca, que avisou que só se pode construir em leito de cheias com fundações adequadas.

Apesar de sublinhar que apenas conhece aquilo que foi noticiado pelos meios de comunicação, o professor da Faculdade do Porto admitiu que, pelas imagens televisivas, “o aterro é inconsistente e mal compactado”.

Em declarações à agência Lusa, o especialista referia-se à zona de Mesão Frio onde na terça-feira ocorreu um deslizamento de terras sobre a circular urbana de Guimarães, colocando um prédio em risco de desabar e cobrindo aquela estrada com uma altura de terras superior a dois metros.<_o3a_p>

Segundo avançou na terça-feira o comandante dos Bombeiros de Guimarães, o cenário era apropriado para o deslizamento de terras, já que “uma linha de água atravessa a zona”. “Estamos a falar de terra solta, não consolidada, inclinações acentuadas. Está recriado o cenário para uma situação deste tipo”, explicou. <_o3a_p>

Uma situação que também preocupa o professor de engenharia. “Se está construído em zonas onde as águas hidrológicas, ou leito de cheias, tendem a arrastar este material inconsistente, naturalmente que ele [edifício] tende a ser descalçado”, afirmou à Lusa.<_o3a_p>

“Felizmente os edifícios estão fundados, pelo que vejo, em estacas. As estacas têm alguma resistência nas acções verticais sobre os edifícios, não podem é ficar muito tempo desconfinadas, porque as acções horizontais associadas ao vento podem levar à ruína das mesmas”, alertou.<_o3a_p>

Salientando que “não é normal isto acontecer”, Viana da Fonseca admitiu que também não é invulgar construir em leito de cheias. “Quando tem que acontecer, as estacas e os maciços de fundações contemporizam esse leito”, explicou, acrescentando que “é preciso ter fundações adequadas e meios de contenção de terra, como muros suporte devidamente ancorados que permitam a estabilidade das terras”.<_o3a_p>

O deslizamento aconteceu cerca das 18h30 de terça-feira e os trabalhos para remover “o monte” de terra que ficou sobre a estrada foram retomados esta manhã, ainda com o risco de as habitações na encosta ruírem.<_o3a_p>

Segundo adiantou fonte da Protecção Civil à agência Lusa no local, durante a manhã houve “algum movimento de terras”, pelo que a situação “ainda é perigosa”.<_o3a_p>

Tanto a Protecção Civil como os serviços da Câmara Municipal de Guimarães estão “a estudar” o local para onde será levada a massa de terra que está a ser removida “por mais de uma dezena de camiões”, explicou a fonte. “Não há vítimas, é certo, mas a situação ainda é perigosa. <_o3a_p>

As fundações, pilares e estacaria do complexo habitacional “de luxo” situado na encosta que derrocou, com 20 fogos habitacionais, são, à luz do dia, “bem visíveis”. Fonte dos bombeiros de Guimarães confirmou à Lusa que “a situação continua delicada, pelo que a corporação está alerta”.<_o3a_p>

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