Souto de Moura não acredita que Governo extinga Fundação Paula Rego

O arquitecto Eduardo Souto de Moura afirmou hoje, em Paris, que não acredita que o Governo extinga a Fundação Paula Rego, para a qual ele construiu, em Cascais, a premiada Casa das Histórias.

O arquitecto português, Prémio Pritzker, falava à agência Lusa à margem de uma conferência que proferiu na Academia de Arquitectura de Paris e considerou pouco provável a extinção da fundação, dizendo mesmo que uma decisão do Governo nesse sentido seria “demais”.

Na sequência do processo de avaliação das Fundações, o Governo recomendava a extinção da Fundação Paula Rego, que gere a Casa da Histórias, depositária de 524 obras doadas pela pintora ao município de Cascais, e cujo valor patrimonial é avaliado pelo Executivo em 3,4 milhões de euros. A fundação recebeu do Estado, até 2010, perto de 1,2 milhões de euros, segundo os dados da avaliação.

“Fui lá [na terça-feira] e disseram-me que não iam fechar”, afirmou Souto de Moura, argumentando que os fundos do Casino do Estoril participam na gestão do projecto, e dizendo ainda que sugeriu que a fundação começasse a cobrar entradas.

Para o arquitecto, “há fundações que não fazem nada”, mas esse não é o caso desta.

Durante a sessão, em que falou para mais de cem pessoas, muitas delas em pé, Souto de Moura percorreu o processo de concepção de muitas das suas obras, do Convento das Bernardas ao Centro Cultural Miguel Torga, passando até pelo Edifício das Camélias, sempre com a preocupação de dar o contexto nacional: a “crise”, a “falta de dinheiro” e as “dificuldades” que surgiram em cada percurso.

“Eu reparo, como trabalho na Europa, que eles não fazem a mínima ideia das condições de trabalho em Portugal. Não quer dizer que eu até não goste mais de trabalhar lá [em Portugal], mas tive dificuldades brutais, de pessoas, de dinheiro, de parar a obra, de recomeçar. É uma coisa que eles não sabem. Aqui, quando se começa, está tudo organizado. E é preciso explicar-lhes que isto [em Portugal] é um processo dinâmico”, explicou à Lusa.

Eduardo Souto de Moura já venceu por três vezes o Prémio Secil de Arquitectura: pelo projecto da Biblioteca Municipal do Porto, em 1992, pelo Estádio Municipal de Braga, em 2004, e pela Casa das Histórias Paula Rego, em 2011. Em 2011 foi distinguido com o Prémio Pritzker.

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