Obra de Rothko leiloada por 66,7 milhões de euros em noite de recordes

Foto
“Laranja, Vermelho, Amarelo”, de Mark Rothko, em exposição na Christie's, antes de ser leiloado AFP

O quadro “Laranja, Vermelho, Amarelo”, de Mark Rothko, pintado em 1961, foi leiloado por 86,9 milhões de dólares (66,7 milhões de euros) num leilão da Christie's, de arte contemporânea e do pós-guerra, que aconteceu nesta terça-feira à noite em Nova Iorque. O preço, segundo a leiloeira, é o mais alto pago em leilão por uma obra de arte contemporânea. Jackson Pollock, Gerhard Richter, Barnett Newman e Yves Klein também estabeleceram novos recordes dos artistas.

Dias depois de “O Grito”, de Edvard Munch, ter sido arrematado por 119,9 milhões de dólares (91 milhões de euros) – tornando-se na obra de arte mais cara de sempre vendida em leilão –, a Christie’s levou à praça 59 lotes, dos quais 56 foram vendidos, somando um total de 388,5 milhões de dólares (cerca de 299,1 milhões de euros). As vendas superaram o valor recorde de 384,7 milhões de dólares (294,5 milhões de euros) atingido no leilão de arte contemporânea e do pós-guerra, também da Christie’s, em 2007.

A estrela do leilão foi a obra de Mark Rothko (1903-1970), “Laranja, Vermelho, Amarelo”, um quadro com 2,4 metros de altura e que, como título indica, está dividido em três rectângulos de cores com tamanhos diferentes. As estimativas da leiloeira apontavam a venda da obra para os 45 milhões de dólares (34,4 milhões de euros) mas a disputa entre seis licitadores fez com o que preço disparasse.

“Este quadro é a personificação da arte de Rothko. Nele ele recria uma experiência que invoca o transcendental”, disse ao Art Daily Laura Paulson, responsável pelo leilão, argumentando que a beleza e o valor da obra suscitaram o interesse dos compradores.

Ao ser arrematado por 66,7 milhões de euros, estabeleceu um novo recorde de vendas para o artista – até agora a sua obra mais cara era “White Center (Yellow, Pink and Lavender on Rose)” (1950) comprada num leilão da Sotheby’s em 2007 por 72,8 milhões de dólares (55, 7 milhões de euros) –, e superou o recorde de uma obra de arte contemporânea vendida em leilão e que pertencia ao britânico Francis Bacon com “Triptych”, vendido em 2008 por 86,3 milhões de dólares (66 milhões de euros).

Outro dos destaques do leilão de terça-feira foi a obra “FC 1”, a última que Yves Klein fez antes de morrer aos 34 anos em 1962, e que foi arrematada por 36,4 milhões de dólares (27,8 milhões de euros), um recorde para o artista.

Jackson Pollock (1912-1956) também teve um novo recorde ao ter a sua obra “Número 28, 1951” vendida por 23 milhões de dólares (17,7 milhões de euros). Logo atrás ficou a obra “Onement V”, de Barnett Newman (1905-1970), que alcançou um valor de 22,4 milhões de dólares (17,23 milhões de euros).

“Abstrakes Bild (798-3)”, do ainda vivo alemão Gerhard Richter, foi arrematada por 21,8 milhões de dólares (16,8 milhões de euros), superando o anterior recorde do artista em um milhão de dólares (770 mil euros). Segundo o The New York Times, desde a retrospectiva do alemão na Tate Modern, em Londres, que o interesse na sua obra tem aumentado. O jornal escreve que quando o óleo “Abstraktes Bild” (1993) foi à praça surgiram muitos licitadores interessados, que não desistiram facilmente da obra, que acabou por ser comprada por Brett Gorvy, responsável do departamento de arte contemporânea e do pós-guerra da Christie’s.

“Os milionários tornaram-se globais”, disse ao Bloomberg o vendedor de arte nova-iorquino Jack Tilton, tentando explicar o aumento do investimento do mercado da arte, mesmo em tempos de crise. “Isto é muito saudável para o mercado, obviamente.”

Para Marc Porter, presidente da Christie’s, a arte contemporânea e do pós-guerra “é a categoria mais popular e que tem mais coleccionadores interessados em todo o mundo”. “São os mais ricos e os mais envolvidos”, concluiu o responsável em declaralções ao The New York Times.

Esta noite é a Sotheby's de Nova Iorque que organiza o leilão de arte contemporânea e do pós-guerra e na quinta-feira é a leiloeira Phillips de Pury & Co.'s.

Sugerir correcção
Comentar