Porque aparece um quadro de Picasso no “Titanic” se nunca lá esteve?
No filme de James Cameron, que agora voltou aos cinemas em 3D para marcar os cem anos do trágico acidente do Titanic, aparece o famoso quadro de Pablo Picasso, “Les Demoiselles d’Avignon”, pintado em 1907. No entanto, a obra nunca esteve no navio e por isso o realizador nunca teve autorização para a usar no grande ecrã.
Tudo começou em 1997, quando “Titanic”, protagonizado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, chegou aos cinemas. James Cameron queria usar a obra do mestre do cubismo, que há anos integra a colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), no filme mas a Sociedade dos Direitos dos Autores, que protege a propriedade intelectual de mais de 50 mil artistas, incluindo de Picasso, não autorizou.
A proibição não intimidou Cameron que mesmo assim filmou uma cópia do quadro original, desencadeando um processo judicial contra si. O realizador foi obrigado a pagar uma multa, cujo valor nunca foi revelado, e o assunto ficou arrumado. Até agora.
Com a chegada novamente do filme aos cinemas, a Sociedade dos Direitos dos Autores garante que James Cameron está a usar a imagem do quadro indevidamente. “A nova versão do filme em 3D viola o acordo. Os direitos do artista têm de ser negociados e clarificados, este é um novo uso do trabalho”, disse ao The Art Newspaper, Theodore Feder, chefe executivo da Sociedade, explicando que vai levar novamente o processo a tribunal.
Talvez por causa de todo este caso, nesta nova versão em 3D James Cameron optou por apenas uma cena com a obra, e retirou o plano onde o quadro aparece perdido no mar, já depois do naufrágio. Na versão original, o quadro afunda-se com a maior parte dos bens dos tripulantes.
A obra de Picasso não é a única que aparece no filme. Quando Kate Winslet, que dá vida a Rose DeWitt Bukater, está a arrumar as suas coisas no seu camarim, tem ainda quadros de Monet e Renoir. Logo a seguir ao filme ter estreado, surgiram várias questões sobre se as obras tinham realmente estado no Titanic e por isso a sua referência no filme, facto negado pelas várias instituições que têm os quadros em sua posse há muitos anos.
Sobre o assunto, o realizador não quis fazer qualquer comentário.
Momento do filme em que Rose arruma as obras de arte